OS CONTROVERSOS NÚMEROS DO ABORTO
Março 2011 – no 2198
Segundo o DATASUS, banco de dados do Sistema Único de Saúde, 18 mulheres morreram no Brasil em 2009 por provocar aborto. O total dos três anos anteriores foi de 21. Obviamente, os números não traduzem plenamente a realidade, já que pode ocorrer falha nos registros. Mas, ainda que se multiplicasse por três esses números, não se chegaria nem à metade das quase 180 mortes anuais por aborto provocado anunciadas por ONGs abortistas que se apresentam agora como “defensoras da vida”. Aliás, estatísticas desses grupos, subsidiados por fundações pró-aborto estrangeiras, têm sido usadas até por representantes do Governo, que parecem não atentar para a discrepância em relação ao DATASUS. Tais estatísticas falam ainda em mais de 1 milhão e 400 mil abortos clandestinos por ano no Brasil (www.ipas.org.br/arquivos/ ml2006.pdf).
Tomam como base “hipótese” do Alan Guttmacher Institute (Instituto Alan Guttmacher), um ex-departamento da bilionária abortista Planned Parenthood Federation of America (Federação Americana de Paternidade Planejada), que possui 820 clínicas de aborto nos Estados Unidos e há anos vem sendo alvo de denúncias e escândalos, como mostra, por exemplo, o documentário “BloodMoney” (dinheiro de sangue), lançado em 2010 naquele país.
Os dados do aborto sempre foram um problema. Em 7 de março de 1989, causou espanto a reportagem “Brasil tem mais abortos do que nascimentos”, publicada no “Jornal do Brasil”. Dizia: “O número de abortos no Brasil é maior do que o de nascimentos. Os números são da Organização Mundial de Saúde (OMS) e apontam cerca de 3 milhões de interrupções da gravidez anuais no país contra apenas 2,779 milhões de registros de nascimento, em 1986. A estimativa da OMS, apresentada no ano passado na Suíça, põe o Brasil como primeiro do mundo em matéria de aborto.”
Intrigada, a pediatra e sanitarista Zilda Arns (1934-2010), fundadora da Pastoral da Criança, escreveu para a regional da OMS, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Na resposta que recebeu, uma surpresa: “A OMS e a Opas não auspiciaram, financiaram nem realizaram qualquer estudo ou investigação sobre abortos no Brasil. [...] Lamentavelmente, não é a primeira vez que, levianamente, se toma o nome da OMS e/ou da Opas para dar informações que não emanam dessas instituições” (www.portaldafamilia.org/ artigos/artigo818.shtml).
Não bastasse tudo isso, preocupam as denúncias contra grupos pró-aborto vindas, sobretudo, de seus ex-integrantes, como o obstetra Bernard Nathanson, que ajudou a instituir a política abortista em solo americano. Arrependido, não esconde como falsificaram estatísticas para manipular a opinião pública. “É uma tática importante. Dizíamos, em 1968, que nos Estados Unidos se praticava anualmente um milhão de abortos clandestinos, quando sabíamos muito bem que não ultrapassavam os mil. Não nos servia. Para chamar a atenção, multiplicamos. Repetíamos também que as mortes de mães por aborto clandestino se aproximavam de dez mil, quando sabíamos que não eram mais de duzentas.
Mas ‘duzentas’ era uma cifra pequena demais para a propaganda. [...] Esta tática do engano e da grande mentira, se repetida constantemente, acaba sendo aceita como verdade” – contou, em conferência da “Asociación para el Derecho a la Vida”, em Canberra (Austrália), ano de 1981. Enquanto isso... Em janeiro, um manifesto pró-aborto, com 6.215 assinaturas, foi entregue à presidente Dilma Roussef e a ministros. Em nome de ideologias e interesses de grupos, foi mais uma tentativa de fazer o Governo desconsiderar os 82% de brasileiros contrários à descriminalização do aborto, consoante pesquisa Vox Populi (http://congressoemfoco.uol. com.br/noticia.asp?cod_ publicacao=35462&cod_canal=1).
Em fevereiro, foi lançado o livro “Aborto – guia para profissionais de comunicação”, com as conhecidas estatísticas dos pró-aborto para servir “de fonte de informação para o trabalho de jornalistas que tratem do tema do aborto”. A publicação é das Jornadas Brasileiras pelo Direito ao Aborto Legal e Seguro, uma congregação de 67 ONGs feministas que no momento também realiza um abaixo-assinado na internet contra o “Estatuto do Nascituro”. E na Fiocruz, finaliza-se o estudo/pesquisa “Despenalisar o aborto no Brasil”, financiado pelo Ministério da Saúde.
Para consultar o número oficial de mortes por “Falha de tentativa de aborto”, basta acessar www.datasus.gov.br e clicar em ‘Informações de Saúde’ > ‘Estatísticas Vitais’ > em ‘Mortalidade – 1996 a 2008, pela CID-10’ (Código Internacional de Doenças), selecionar ‘Óbitos de mulheres em idade fértil e óbitos maternos’ > no mapa à direita, escolher ‘Brasil por Região e Unidade da Federação’ > em ‘Linha’, ‘Categoria CID-10’ > em ‘Coluna’, ‘Tipo causa obstetrícia’ > em ‘Conteúdo’, ‘Óbitos maternos’ > e em ‘Períodos’, o ano desejado > por fim, clicar em “Mostra”.
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