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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Pedofilia e Homossexualidade

(texto copiado do blog de Julio Severo - http://juliosevero.blogspot.com)


Os ativistas homossexuais rotineiramente alegam que o homossexualismo nada tem a ver com pedofilia. Mas quer saber o que os homossexuais pensam entre si? Aliás, alguns não só pensam, mas já estão começando a abrir o armário da verdade oculta da pedofilia.
O artigo abaixo foi totalmente escrito por um homossexual assumido e foi publicado num site homossexual brasileiro. Eu o postei no meu blog a fim de que você leia, pelas próprias palavras de um homossexual, o que vem pela frente.
Agora que os ativistas homossexuais já conseguiram convencer a sociedade a ver o homossexualismo como normal, é difícil imaginar o próximo passo deles?
Veja também meus textos sobre o assunto:

Meu texto mais importante sobre pedofilia encontra-se no e-book As Ilusões do Movimento Gay que, entre os pontos, traz uma pesquisa que avaliou pedófilos heterossexuais e homossexuais. Os resultados da pesquisa apontaram:
  • 153 pederastas homossexuais tinham estuprado 22.981 meninos por um período, em média, de 22 anos.
  • 224 pedófilos heterossexuais tinham estuprado 4.435 meninas por um período, em média, de 18 anos.
  • Cada pederasta homossexual violentou em média 150 meninos, enquanto cada pedófilo heterossexual violentou em média 20 meninas.
Só para recordar, embora o articulista homossexual abaixo tente distinguir apenas a pedofilia heterossexual como violência, tratando a pedofilia homossexual como amor, todos os meninos são violentados por homossexuais.
As Ilusões do Movimento Gay, que tem muito mais informações, está disponível gratuitamente para download na primeira página do JesusSite.
Julio Severo
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Amando Garotos: Pedofilia e a Intolerância Contemporânea
Por Denílson Lopes¹
Começo com uma analogia. Na segunda metade do século XIX, a homossexualidade é aprisionada pelos discursos médico, jurídico e religioso, respectivamente como doença, crime e pecado. Emerge um pânico homossexual reafirmado por uma rígida distinção entre amor e amizade e um controle feroz em instituições em que há a presença exclusiva de pessoas de um sexo, sobretudo internatos, ordens religiosas e nas forças armadas.
O homossexual se transforma no anormal, no monstro. Passados 100 anos, por vários motivos que não interessam aqui discutir, a homossexualidade deixa de ser doença, a partir dos critérios da Organização Mundial da Saúde e do Conselho Federal de Psicologia; também não só deixa de ser crime, mas surgem por todo o mundo leis que combatem a homofobia, inclusive em várias cidades brasileiras, no estado do Rio de Janeiro e no DF.
Apesar dos segmentos conservadores de religiões cristãs e fundamentalistas, a anacronia histórica do Cristianismo diante os assuntos relativos à sexualidade como um todo cada vez mais é combatida. Enfim, o homossexual deixou de ser o monstro e o anormal bem como o transgressor dos anos 60 e 70 e está em vias de ser mais um cidadão integrado nos padrões da democracia representativa ocidental, para o melhor ou para o pior.
Hoje em dia, outra prática sexual parece ocupar o lugar da homossexualidade como tabu, estamos falando da pedofilia, verdadeira paranóia globalizada, assunto constante de capas de revistas e manchetes de noticiários na televisão, fazendo com que carreiras e vidas sejam destroçadas diante de uma simples suspeita, como no caso de Michael Jackson, talvez o mais notório, em meio a tantos outros; ministros caiam; o papa se pronuncie; passeatas sejam feitas. Os pedófilos talvez só percam para os árabes como alvo de caça às novas bruxas. Mas do que estamos falando?
Parto da própria etimologia, pedofilia seria gostar de crianças? Desde quando gostar passou a se considerado como violentar? Como pensar uma sociedade que erotiza ao máximo suas crianças nas propagandas, como nas famosas campanhas da Calvin Klein, para dar um exemplo, e programas de televisão na busca de corpos cada vez mais jovens e ao mesmo levanta suspeita sobre qualquer relação inter-etária entre adultos e crianças fora do modelo pais-filhos?
Como bem sabemos, o que Michel Foucault chamou de sexo-rei, ou seja, da centralidade da sexualidade no último século, não só liberou práticas mas criou novas prisões ao dissociar radicalmente sexualidade e afetividade, e reduzir a sexualidade ao meramente genital, ao invés de articular sexualidade e ética, postura defendida por Foucault a partir de uma experiência grega em que a pedofilia teve um papel fundamental. Voltarei a este aspecto mais à frente.
Reafirmo a hipótese e a provocação: a homossexualidade ocupou, no século XIX, o lugar que é hoje da pedofilia. A partir de critérios suposta e novamente científicos (medicina, psicologia), jurídicos e religiosos, a pedofilia se apresenta como doença, crime e pecado, o que é ampliado pelos meios de comunicação de massa. Mera coincidência para realidades bem diferentes?
Talvez possamos afirmar em uma perspectiva radicalmente histórica e cultural, portanto anti-essencialista, anti-naturalista e comparativa, que pelo menos, como no século XIX em relação aos homossexuais, todos falavam por ele, exceto o homossexual propriamente dito ou este só podia falar de um lugar bem determinado, de preferência na cadeia, humilhado em sociedade, melhor ainda se calado, morto.
Hoje todos parecem saber a verdade da pedofilia e defendem suas posições com unhas e dentes, sem dúvidas. Todos falam, exceto os adultos que se interessam (esta palavra é proposital) por crianças e as crianças que se interessam por adultos (talvez até tivéssemos que pensar outro nome, adultófilos, gerontófilos...). Para além da histeria generalizada e de dogmas que são perpetuados, a bem de uma visão mais livre de preconceitos, seria fundamental ouvir aqueles que não têm voz.
Lembremos que segundo os historiadores da infância, a criança parece ser uma invenção moderna, antes um adulto em miniatura, cada vez nas sociedades capitalistas, ela assume atitudes supostamente próprias, configurando um comportamento, um mundo e um segmento de mercado específico. Um primeiro entrave a uma discussão mais aberta sobre a pedofilia ainda é um novo velho puritanismo, o mesmo que ridicularizou Freud quando este afirmou que toda criança, longe do anjo idealizado e inocente, já possuía uma sexualidade.
Se deixarmos de lado este obstáculo, o que muitos ainda têm dificuldades em o fazer, e aceitarmos uma sexualidade infantil, quem seríamos nós para normatizar o que ela deva ser ou definir o que a criança deva desejar? É muito fácil generalizar casos clínicos, estórias específicas como verdades universais. Me permitam duvidar, me permitam apostar que ao lado do abuso sexual de crianças, majoritariamente realizada por homens heterossexuais dentro de suas próprias famílias, o que aliás deve ser combatido e punido a todo custo; há outras estórias.
Apesar da haver tanto uma pedofilia heterossexual como homossexual, salvo engano, a pedofilia como pânico social é uma última estratégia da direita ultra-conservadora de barrar os avanços dos movimento de gays e lésbicas politicamente organizados ao confundirem homossexualidade e pedofilia, fazendo vista grossa a uma longa tradição de homens mais velhos que casavam e casam com jovens moças e meninas, notadamente em nossa cultura, sem que isto nunca tenha causado nenhum escândalo Há outras estórias silenciadas, pouco contadas, para além da violência, que falam também de intimidade, amizade, respeito, admiração, carinho, atenção, compartilhamento e porque não, paixão e amor? Onde podemos encontrá-las?
Não falo aqui como jurista obcecado em determinar uma idade de consentimento para as relações sexuais. Seria a criança o menor de 21, 18, 16 ou 12 anos? Onde termina a infância e começa a pré-adolescência, a adolescência ou a juventude? Não falo aqui como os profissionais de saúde e psicólogos obcecados por uma maturidade afetiva, sexual biológica. Sabe-se lá quando se atinge essa tal maturidade para que só então possa ter autonomia sobre seu próprio corpo. Em todo caso, ainda estou esperando por ela. Espero sinceramente que ela não venha. Procuro também fugir do discurso de fácil apelo dos moralistas de toda ordem, nos púlpitos, nas universidades ou em programas sensacionalistas.
Em meio a tanta intolerância e posições bem marcadas, creio que a arte tem uma contribuição fundamental a dar na criação de dúvidas e proliferação de narrativas diversas, sobretudo no lado mais visível e difícil de ser aceito: a pedofilia homossexual masculina, meu particular tema de interesse desde quando escrevi meu livro O Homem que Amava os Rapazes e Outros Ensaios, fruto de pesquisa sobre a relação entre a homossexualidade masculina, os transgêneros e a arte contemporânea. E é da pedofilia homossexual masculina que quero tratar agora através da arte.
Antes disso contudo, há vários relatos de como culturas não-ocidentais lidam com a pedofilia, seria interessante relembrar talvez o mais conhecido e que lança um forte imaginário em toda história e imaginário ocidentais, até os nossos dias. Seguindo a leitura da Foucault em sua História da Sexualidade, no mundo grego clássico, justamente o que é por nós mais rejeitado era a referência para o discurso amoroso: a relação entre um homem adulto e um menino imberbe, aquele deveria ser uma espécie de tutor na vida intelectual e afetiva, pedagogo de corpo e alma, integrando sexualidade e conhecimento do mundo, ética e cidadania, todo estes elementos fundamentais para a formação do homem grego.
O que não era aceito socialmente era exatamente o que cada vez mais é considerado normal entre nós como padrão conservador do "gay saudável", ou seja, relações estáveis ou não entre homens adultos. Isto nos dá o que pensar. Passando para o mundo latino, a pedofilia persiste como prática comum a ponto de se criar até mesmo um culto ao jovem amante do imperador Adriano - Antínoo - alçado à categoria de deus, após sua morte precoce. Com o Cristianismo, o efebo, objeto de tantos poemas é gradualmente substituído pela moça virgem como musa e objeto do desejo, mas esta outra tradição se manteve viva na arte.
Pensando no século XX de Morte em Veneza de Thomas Mann, brilhantemente adaptado por Visconti em 1968, estória da paixão de um artista em crise por um garoto em Veneza; passando por Gide e Pasolini, que nas suas vidas e obras foram apaixonados pelos garotos suburbanos e não-ocidentais ao romance For a Lost Soldier de Rudi van Dantzig, estória de amor entre um menino e soldado durante a Segunda Guerra Mundial na Holanda, The Folding Star de Allan Hollinghurst, paixão entre professor e aluno; e A Conseqüência de Alexander Ziegler , ou na ficção brasileira, temos exemplos desde a relação inter-etária e inter-racial em O Bom Crioulo de Adolfo Caminha, ainda no século XIX, até os belos contos História Natural de Autran Dourado, novamente uma estória entre professor e aluno, e o poético O Menino e o Vento de Aníbal Machado até a contos de Caio Fernando Abreu, como em O Pequeno Monstro, a estória de dois primos.
Esta tradição permanece talvez ainda mais forte, sobretudo na poesia lírica, de Fernando Pessoa, Kaváfis a Sandro Penna, e, particularmente na poesia brasileira, desde Mario de Andrade a poetas contemporâneos como Glauco Mattoso, Roberto Piva, Guilherme Zarvos, entre outros. A criança e o adolescente aparecem como encarnação da androginia, como femme fatale ou não aquele que deve ser conduzido ou educado mas aquele que conduz e educa, invertendo as relações assimétricas e hierarquizadas na tradição greco-latina.
Esta tradição lírica brasileira, caso fosse melhor conhecida, teria uma importante contribuição para a redução, feita com o aval dos meios de comunicação de massa, das relações entre homens adultos e crianças/adolescentes/menores à pornografia, violência e estupro. Para exemplificar, cito trecho de soneto de Mario de Andrade, de 1937, em que não só a beleza imberbe é apresentada sem temor, mas o garoto possuindo um desejo ativo e não só como objeto de contemplação e desejo.
"Tudo o que há de melhor e mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente
A perna assim jogada e o braço, o claro
Olhar preso no meu, perdidamente"

Ou para citar um exemplo, agora contemporâneo, "Waw" de Valdo Mota (1996), em que os papéis rígidos são embaralhados em posições precárias e móveis, fazendo um importante diálogo com o documentário "Chicken Hawk" de Adi Siderman, inédito no circuito comercial em que são apresentados depoimento do polêmico grupo NAMBLA, Associação Norte-Americana pelo Amor entre Homens e Garotos, que foi expulso até da Associação Intenacional de Gays e Lésbicas, que congrega militantes de todo o mundo, tão o grau como este tema é polêmico e vítima de preconceito:
"Tem a ver o papo
de que sou o pai
que você não teve.
Faça-me de pai,
De mãe e de quantos
Irmãos necessite
O seu desamaparo"

Talvez se vivêssemos em tempos menos intolerantes, nem precisássemos evocar tantos textos literários, talvez em outros lugares da sociedade seriam ouvidas outras estórias que falam para além da redução mecanicista do violentado que vira violentador ou marginal, a que nem mesmo o grande Almodóvar parece não escapar em seu último filme "Má Educação", ao contrário do libertário e amoral "O Que eu Fiz para Merecer isto", filme que dirigiu em 1984. Talvez num futuro, que espero próximo, haja um tempo em que falar de pedofilia seja apenas falar de uma expressão afetiva, tão impura e divina, violenta e intensa, terna e animal, como outra qualquer, apenas parte, do que na falta de uma palavra melhor, ainda chamamos, da condição humana.
[1] Professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, pesquisador do CNPq, autor de O Homem que Amava Rapazes e Outros Ensaios (RJ, Aeroplano, 2002) e Nós os Mortos: Melancolia e Neo-Barroco (RJ, 7Letras, 1999).
Fonte: Site homossexual ParouTudo.

ATENÇÃO: Depois que este artigo infame foi desmascarado no meu blog, para que todos vejam o que está acontecendo, o site homossexual Paroutudo escondeu ou removeu o artigo original. Que as autoridades se mobilizem para agir contra isso.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Morte cerebral é critério infalível?

Jovem se recupera após ouvir médicos o declararem 'morto'


Um americano de 21 anos que sobreviveu a um acidente de carro em novembro do ano passado contou à rede de TV NBC ter ouvido os médicos o declararem como morto.
Zack Dunlap foi levado para o hospital inconsciente e 36 horas após o acidente uma tomografia cerebral mostrou que seu cérebro já não recebia qualquer fluxo sangüíneo.

O rapaz ouviu quando os médicos disseram à família que ele estava com morte cerebral.

Os pais de Zack viram o exame e constataram o diagnóstico médico.

"Não havia qualquer atividade cerebral", disse Doug, pai de Zack, a um programa da NBC.

Os pais decidiram, então, manter os aparelhos ligados o tempo suficiente para que a equipe encarregada de retirar seus órgãos chegasse de uma outra cidade.

"Nós não queríamos vê-lo como um vegetal", disse o pai. "Sabíamos que ele gostaria que seus órgãos continuassem vivos dentro de uma outra pessoa."

Algumas horas depois de ser declarado como morto, uma enfermeira começou a remover alguns de seus tubos enquanto aguardava a equipe de retirada de órgãos.

Reação milagrosa

Os primos de Zack Dunlap, Dan e Christy Coffin, ambos enfermeiros, estavam no quarto nesse momento e por sua aparência, desconfiaram que ele não estava morto.

Foi quando Dan sacou uma pequena faca de bolso e passou na sola do pé de Zack, que reagiu imediatamente.

A enfermeira disse que se tratava de um reflexo, mas o primo insistiu. Enfiou uma de suas unhas por baixo de uma das unhas do primo, que reagiu com mais força, mexendo o braço ao longo do tronco.

"Fomos do fundo do poço às alturas", disse a mãe do rapaz. "Foi o maior milagre que poderia ter acontecido".

Os médicos advertiram à família que ele poderia ficar com sérios danos cerebrais, mas cinco dias depois Zack abriu os olhos e 48 dias após o acidente voltou para casa.

O rapaz, que ainda faz tratamento para recuperar por completo a memória, diz estar contando os dias para ter a carteira de motorista de volta.

"Estou me sentindo bem, mas às vezes é muito difícil", disse ele.

"Só preciso ter mais paciência. Estou querendo dirigir de novo desde que saí da reabilitação".



(notícia publicada pelo site da BBC em 25/03/2008 e disponível pelo link http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/03/080325_euamortecerebral_fp.shtml)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

PESSOA HUMANA COMO CENTRO E FIM DO DIREITO

Prof. Agenor Casaril




1. Introdução



No pensamento humanístico contemporâneo, os temas da pessoa humana e a dignidade e direitos a ela inerentes constituem questões centrais, assim da ciência como da filosofia do direito. Têm eles se constituído, nas últimas décadas, em valores políticos superiores que devem-se consagrar, garantir e proteger.

Até meados do século XX, a dignidade da pessoa humana não havia alcançado o pleno reconhecimento no mundo jurídico. Hodiernamente, os ordenamentos jurídicos tendem ao reconhecimento da pessoa humana como o centro e o fim do Direito; positivando a dignidade da pessoa humana como valor básico e princípio fundante do Estado Democrático de Direito.

Com efeito, pondera J. Gomes Canotilho que o conceito de dignidade da pessoa humana é concebido como referência constitucional unificadora de todos os direitos fundamentais. Porém, para além desse horizonte, outras conseqüências decorrem da adoção do conceito, pois, elevado a princípio, obriga a uma densificação valorativa que leve em consideração o seu abrangente sentido normativo-constitucional para além de mera idéia apriorística do homem. Logo, infere o nominado autor, não é possível reduzir-se o sentido da dignidade humana à defesa dos direitos pessoais tradicionais, ou invocá-la para construir ‘teoria do núcleo da personalidade’ individual, ignorando-a no espaço dos direitos econômicos, sociais e culturais.”



2. Fundamento primordial do direito



A pessoa humana é o fundamento primeiro do direito. Com efeito, o homem é o ser que, dentro do tempo e do espaço, se apresenta e deve ser considerado como ‘centro e fim’ de tudo o que existe, pois ele é pessoa, isto é, o ser em consciência e em liberdade. Esta sua identidade o torna o valor absoluto - o único valor absoluto - a que tudo se refere. O absolutismo do homem, dentro da realidade do mundo, afirma-lhe o primado ontológico e finalístico: ele é o ser supremo, não podendo, por isso, ser instrumentalizado.

Este primado do homem não pode não ser reconhecido, acolhido, respeitado, promovido e tutelado. Assim, sendo a pessoa humana o fundamento primeiro do direito, é ela, em decorrência, a fonte originária dos conteúdos primordiais deste. Segue-se que a pessoa humana, impondo-se como fundamento primeiro do direito e fonte originária de seus conteúdos primordiais, constitui a justificação última da obrigatoriedade deste.

O direito tem um finalismo próprio que lhe legitima a presença na vida humana, consistente na busca do bem comum no qual se complementa o crescimento integral do homem. Tal finalismo jurídico se inscreve, obviamente, no finalismo da pessoa humana, porquanto esta é o fim último de tudo quanto existe no tempo e no espaço.

Tanto na ordem político-jurídica internacional como nos ordenamentos jurídicos internos dos estados modernos, têm proliferado os documentos declaratórios de direitos em que os direitos fundamentais e a dignidade da pessoa humana aparecem como núcleo central de tais declarações. O que não tem nelas aparecido com clareza é uma convincente fundamentação de tais direitos, isto é, o fundamento e razão de ser deles, sua origem e razões transcendentes, como se existissem simplesmente porque favorecidos por maioria de votos nos organismos internacionais e nos parlamentos, na ponderação de Perez.

Esta carência de uma adequada fundamentação conduz à conclusão de que a dignidade humana é intangível só porque foi assim decidido. Isto explica que, em nome da dignidade da pessoa humana, se chegue a soluções radicalmente opostas, relativamente a temas fundamentais de nosso tempo. Tais são a admissibilidade de certas formas de procriação humana, a manipulação genética, a disponibilidade de órgãos humanos, os experimentos médicos com pessoas, o aborto e a eutanásia.

Em verdade, ao solucionar, juridicamente, questões relativas à dignidade humana, a diferente concepção teórica que se lhe antepuser resultará em soluções diferentes e, até, diametralmente opostas. Disto decorre a necessidade de adoção de um fundamento último que radique na essência da dignidade humana, gerando segurança jurídica aos jurisdicionados. Para tal, mais adequada a concepção do personalismo cristão, que transcende a visão, limitada e limitante, do puro racionalismo cartesiano e mesmo kantiano. Com efeito, a dignidade da pessoa humana fundamenta-se não só na autoconsciência ou racionalidade, mas, simultaneamente, na liberdade, na comunicação e na autotranscendência do homem.

Em realidade, os países cujos povos inserem em seu ideal político a concretização de um regime democrático, constituído em Estado Democrático de Direito, dão realce à dignidade da pessoa humana e buscam sua proteção em seus ordenamentos jurídicos. Com efeito, via ordem constitucional, buscam prevenir que, em nome de ideologias, cometam-se abusos brutais contra a dignidade humana, como os ocorridos em pleno século XX, sob o influxo do totalitarismo, independente dos matizes deste.

Com efeito, plenamente pertinente a ponderação oferecida por Lafer, ao estabelecer que a posição expressamente adotada pelo totalitarismo, no sentido “de que os seres humanos são supérfluos e descartáveis, representa uma contestação frontal à idéia do valor da pessoa enquanto “valor-fonte” de todos os valores políticos, sociais e econômicos” e, em decorrência, ao fundamento último da legitimidade da ordem jurídica, como formulado pela tradição, assim no âmbito do paradigma do Direito Natural como no da Filosofia do Direito.

Com razão, ante o imperativo de respeito irrestrito à dignidade da pessoa humana, ponderou-se que “Hitler impôs aos homens um novo imperativo categórico: organizar o seu agir e pensar de modo que Auschwitz não se repita, que nada de semelhante aconteça.”



3. Constituições que inspiraram a brasileira na positivação do princípio da dignidade da pessoa humana



Alguns ordenamentos constitucionais inspiraram a Constituição brasileira vigente. Tais são o alemão, o espanhol, o italiano e o português, entre outros. A estes far-se-á referência e breve análise das disposições normativas relativas ao princípio.

3.1. A Lei Fundamental da Alemanha

Com efeito, no âmbito histórico e geográfico, admitidas algumas exceções, a Lei Fundamental da República Federal da Alemanha, promulgada em 23 de maio de 1949, é dada como a que, pioneiramente, consagrou a dignidade da pessoa humana em seu texto, de modo expresso e solene, erigindo-a em direito fundamental, estabelecido no seu art. 1º, nº 1, nos seguintes termos: A dignidade humana é inviolável. Respeitá-la e protegê-la é obrigação de todos os Poderes estatais. Em complemento, dispõe o nº 2: O povo alemão se identifica, portanto, com os invioláveis e inalienáveis direitos do homem como fundamento de toda a comunidade humana, da paz e da justiça no mundo.

Afirma José Afonso da Silva que a positivação constitucional do princípio da dignidade da pessoa humana fundamenta-se no fato de o Estado nazista ter vulnerado gravemente tal dignidade mediante a prática de horrorosos crimes políticos sob a invocação de razões de Estado e outras .” O que é confirmado por Hesse.

Quanto ao conteúdo de tal princípio da Lei Fundamental tedesca, não menos incisivo é Verdú ao asseverar que foi proclamada a dignidade humana como princípio lógico, ontológico e deontológico de todos os direitos, tendo-se invocado a Deus no preâmbulo da ‘Grundgesetz’ e na dos ‘Laender’. Foi estabelecido o Estado de Direito como Estado social de Direito e se distinguiu entre lei e Direito frente às posturas positivistas. E, identicamente, Benda proclama a excelência do princípio da dignidade humana na Constituição tedesca, ao ponderar que a norma do artigo 1.1 GG além de projetar-se valorativamente sobre as normas reguladoras da relação do indivíduo com o Estado, na esfera dos direitos fundamentais, ainda “permeia profundamente tudo o que comporta o Estado livre e democrático de Direito. (...) Sempre se terá de ter em conta esse artigo 1.1 como parâmetro valorativo na especial interpretação desses direitos fundamentais”.

Quanto ao fecundo labor interpretativo e afirmativo do princípio da dignidade humana, desenvolvido pela Corte Constitucional tedesca, não escapa a Perez a precisa observação de que ele figura entre os princípios básicos da Constituição, que dominam todos os preceitos da Lei fundamental. Refere, ademais, a afirmação de alguns autores de que ele contém o princípio supremo da Constituição, surgindo ele continuamente nas sentenças do Tribunal Constitucional Federal em defesa da dignidade da pessoa, independentemente da idade e da capacidade mental. “Onde existe vida humana, há de reconhecer-se-lhe a dignidade correspondente, sem que seja decisivo que o sujeito esteja consciente desta dignidade e saiba guardá-la por si mesmo.”

A Benda cabe, ainda, a relevante afirmação de que a Lei Fundamental de Bonn é um ordenamento constitucional comprometido com valores. Como tal, “reconhece a proteção da liberdade e da dignidade humana como fim supremo de todo o Direito (breve 12, 45 (51)). O art. 1 GG faz deste objetivo o supremo princípio constitutivo da Lei Fundamental”. Com efeito, constituindo lógica decorrência, ao lado dos princípios da legalidade, divisão dos poderes, democracia representativa, forma republicana, federalismo e Estado social, a Lei Fundamental germânica, no artigo 79, III, institui como cláusula pétrea o princípio de inviolabilidade da dignidade humana contido no art. 1.1 daquela. Dessarte, no ordenamento constitucional germânico, a dignidade da pessoa humana é o fio condutor de toda a sua estruturação, com as necessárias decorrências infraconstitucionais.



3.2. A Constituição de Portugal

A Constituição de Portugal, promulgada em 1976, por razões históricas semelhantes às da Alemanha, diz José Afonso da Silva, igualmente dispôs, modo expresso, sobre a dignidade humana: Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Neste ponto, o ordenamento português coincide com o alemão, porquanto também tem por base o princípio da dignidade da pessoa humana. Confirma-o a doutrina, com Vieira de Andrade. Com Moderne, a reafirmação.

De Verdú, colhe-se a análise de que a Constituição lusitana reconhece e estabelece o valor inerente da dignidade humana, sendo esta a Grundnorm de um ordenamento fundamental conforme os valores. A interpretação dos direitos, liberdades e garantias do Título II, Capítulo I, do Texto Básico português “significa que tais direitos, liberdades e garantias formais são premissas concordantes da Constituição de modo que a Lei Maior portuguesa há de interpretar-se à luz da dignidade humana”.

Cardoso da Costa, por sua vez, comenta que, além da referência emblemática que lhe faz no seu artigo 1º, a Constituição de Portugal não enuncia o princípio da dignidade da pessoa humana no seu catálogo de direitos fundamentais, pois é mais do que isso, já que “representa o ‘princípio de valor’ que é o fundamento mesmo (e o ‘critério’) desses direitos e do respectivo catálogo – catálogo ao qual confere uma ‘unidade de sentido’”.



3.3. A Constituição da Espanha

A vigente Constituição espanhola, promulgada após o crepúsculo do regime franquista, abre seu texto (art. 1º, 1) com a solene proclamação de que “A Espanha se constitui em um Estado social e democrático de Direito, que propugna como valores superiores de seu ordenamento jurídico a liberdade, a igualdade e o pluralismo político”. Explicitando tais valores superiores, por sua vez, inseriu o princípio da dignidade da pessoa humana em seu artigo 10, nº 1, com a seguinte dicção: A dignidade da pessoa, os direitos invioláveis que lhe são inerentes, o livre desenvolvimento da personalidade, o respeito à lei e ao direito dos demais são fundamentos da ordem política e da paz social”.

De Peces-Barba a observação de que a Constituição espanhola é pioneira no emprego da expressão “valores superiores”, porquanto pouco comum, no âmbito do direito comparado, o uso dessa terminologia, mesmo que se reconheça que “a jurisprudência da República Federal Alemã construa um sistema de valores, deduzindo-o do ordenamento constitucional”.

A expressão “valores superiores”, segundo visão coincidente de vários autores espanhóis, alcança uma compreensão abrangente. Com efeito, “a dignidade da pessoa humana, no ordenamento jurídico espanhol, não só se constitui em um valor superior ela mesma (ainda que referida em artigo diverso do 1.1), como é o próprio fundamento ético, axiológico, a justificação, o valor que ocupa posição central e legitimadora, a norma fundamental e fundamentadora deste ordenamento”, como anota Luíza Matte.

A propósito, González Perez refere que a dignidade da pessoa constitui um dos valores superiores que o Direito positivo não pode ignorar, assim como não pode desconhecer os direitos à mesma inerentes. A Constituição contempla a dignidade da pessoa humana como um dos valores do ordenamento jurídico espanhol. Se fosse possível escalonar os valores em ordem de prioridade, ocuparia o primeiro lugar a dignidade da pessoa humana. “Desde o ponto de vista axiológico, a dignidade da pessoa ‘é o fundamento, princípio e origem do ordenamento constitucional espanhol, é a Grundnorm em sentido lógico, ontológico e deontológico’”. Na mesma linha de González Perez, pronuncia-se Díaz Revorio.

Corroborando os precedentes autores, afirma Peces-Barba que o fundamento destes valores superiores do art. 1.1 é um fundamento racional e histórico que representa o juízo do legislador constituinte, ratificado em referendum, e que se converte, por esse modo, em um grande acordo social, caracterizador de um consenso básico de que estes valores superiores e sua inserção profunda são o fundamento para a realização dos objetivos básicos do Estado, quais sejam, o desenvolvimento da dignidade humana através da vida social, tornando possível a plenitude desta dignidade. “O acordo não é, pois, arbitrário, senão que recolhe uma moralidade baseada na dignidade humana, e com a pretensão de que a organização da vida social favoreça, aprofunde e desenvolva essa dignidade humana.”



3.4. A Constituição da República Italiana

Promulgada no imediato pós-guerra (27 de dezembro de 1947), a Constituição da República da Itália, dispensado o clássico preâmbulo, no título de abertura, contempla os princípios fundamentais, “os quais proporcionam os traços essenciais do rosto do Estado e representam o fundamento ideológico do ordenamento estatal”. Embora sem a forma direta e literal de afirmação da dignidade da pessoa humana como princípio fundamental do ordenamento jurídico itálico, dita Constituição a contempla já em seu artigo 2º: La Repubblica riconosce e garantisce i diritti inviolabili dell’uomo, sia come singolo sia nelle formazioni sociali ove si svolge la sua personalità, e richiede l’adempimento dei doveri inderogabili di solidarietà politica, economica e sociale.



Reitera o princípio no art. 3º, in verbis:



Tutti i cittadini hanno pari dignità sociale e sono eguali davanti alla legge, senza distinzione di sesso, di razza, di lingua, di religione, di opinioni politiche, di condizioni personali e sociali.

È compito della Repubblica rimuovere gli ostacoli di ordine economico e sociale, che, limitando di fatto la libertà e l’eguaglianza dei cittadini, impediscono il pieno sviluppo della persona humana e l’effettiva partecipazione de tutti i lavoratori all’organizzazione politica, economica e sociale del Paese.

Sem dúvida, albergou, nas disposições citadas, o princípio da dignidade da pessoa humana, com o correlativo da isonomia, ainda que sem a desenvoltura das disposições literais das outras Constituições vistas. Com efeito, o desenvolvimento da personalidade ganha reiterada e expressa proteção. Dessarte, Ambrosini, em comento à Consituição da Itália, expressa-se, ao analisar os princípios fundamentais, afirmativamente quanto a ter o texto constitucional atribuído à tutela da pessoa humana uma relevância de princípio cardeal, e de ter a pessoa humana merecido uma consideração privilegiada, assim no aspecto físico como no moral.

Sintonizado com Ambrosini, refere Zagrebelsky que a Itália aderiu às convenções internacionais de direitos do homem, fundadas na dignidade da pessoa humana, destacando, ainda, o papel que desempenham os artigos supracitados na jurisprudência dos tribunais superiores. Com efeito, lembra ele que “o Tribunal de Cassação, em sua atividade de interpretação global do sistema jurídico, precedeu ao Tribunal Constitucional ao afirmar a existência de um direito à livre manifestação da personalidade, segundo o artigo 2 da Constituição”. Prossegue, ponderando que o Tribunal Constitucional italiano tem “decisões que reconhecem o valor da pessoa humana” (11/1956) e proclamam a existência de “bens fundamentais que formam parte do patrimônio inviolável da pessoa humana (33/1974)” , fechando a análise com esta idéia: “Em suma, a proclamação de direitos fundamentais possui uma força expansiva no sistema jurídico e exige uma verdadeira ‘política de direitos fundamentais’. Isto se vê reforçado pelo artigo 3”.

Essa força expansiva do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana merece de Palazzo, aos estudar os valores constitucionais incidentes no Direito Penal, a afirmação de que, contraposta à intrínseca politicidade do direito penal, existe uma constante exigência de eticidade, própria do direito penal. Com eticidade se pode “‘simplesmente’ aludir ao fato de que se, no manancial do direito penal, se encontram a política e a exigência da tutela da sociedade, em seu âmago se encontra a pessoa humana”.



4. A positivação do princípio na Constituição do Brasil



Por derradeiro, a Constituição da República do Brasil. Com efeito, a tortura e outras formas de desrespeito à pessoa humana, praticados durante o regime militar, pondera José Afonso da Silva, deram ao Constituinte brasileiro de 1988 a motivação e justificativa para inserir a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito da República Federativa do Brasil, ao dispor, no artigo 1º, inc. III, da CR: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana..

O estudo deste último tópico cinge-se ao escopo demonstrativo do forte elo existente, no pertinente, entre o ordenamento brasileiro e os ordenamentos constitucionais europeus referidos, tomados como modelo. Convém notar, com efeito, que o Brasil adota, quanto à constitucionalização do princípio da dignidade da pessoa humana, a concepção denominada de personalismo humanista, característica do constitucionalismo de valores que caracteriza a própria cultura ocidental dos nossos dias.



5. A dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado



Neste segmento da dissertação, presente seu objeto específico, intenta-se verificar a presença da dignidade da pessoa humana na tessitura constitucional brasileira, na qualidade e função de princípio fundante de tal ordem constitucional. De tal escopo decorre a busca de um real significado e respectiva eficácia para o princípio.

A República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito, na precisa prescrição do art. 1º da Lei Magna. Na democracia, o Estado não é fim mas meio, concebido como instrumento a serviço do ser humano. Este, na precisa ponderação de Souza Junior, como Pessoa Humana, é anterior e superior ao próprio Estado. Com efeito, a concepção de que o homem é uma Pessoa, isto é, um ser, a um tempo, individual e social, material mas espiritualmente aberto ao transcendente, e, de conseqüência, dotado de dignidade e de direitos fundamentais a serem preservados e promovidos pelo Estado, foi o princípio a partir do qual plasmou-se, na Europa, a denominada civilização cristã ocidental. Foi no âmbito dessa nova civilização que se consolidou a idéia do Estado a serviço da dignidade e dos direitos da pessoa. É pois, a idéia do Estado democrático.

A vigente Constituição da República, ao dispor o princípio em tela, fê-lo sob motivações várias, dentre as quais a de exorcizar o período autoritário antecedente à sua edição, porquanto violador de direitos fundamentais e, por isso, desrespeitador da dignidade da pessoa humana, na condução dos negócios de Estado. Quanto à linha principiológica seguida, buscou inspiração nas congêneres da Alemanha, Itália, Portugal e Espanha, tornando expresso o compromisso jurídico com a dignidade da pessoa humana. A propósito do pioneirismo interno daí decorrente, destaca Sarlet que a atual Constituição da República foi a primeira, no constitucionalismo brasileiro, a instituir um título próprio para os princípios fundamentais, “situado, em manifesta homenagem ao especial significado e função destes, na parte inaugural do texto, logo após o preâmbulo e antes dos direitos fundamentais”.

De notar, igualmente, que, na história do constitucionalismo pátrio, é a primeira vez que aparece positivado o princípio da dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito. O que ocorre no artigo 1º., inciso III, da CRFB: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III – a dignidade da pessoa humana. Compreender, pois, a dignidade da pessoa como princípio constitucional é traçar-lhe o alcance estruturante e surpreender-lhe a eficácia sistêmica no plano das conseqüências jurídicas, destas possibilitando destacar, exemplificativamente algumas, como adiante se verá.

É ainda Sarlet a constatar que o legislador constitucional, via instituição de princípios fundamentais em título próprio, deixou clara a sua intenção de outorgar aos princípios fundamentais a textura de “normas embasadoras e informativas de toda a ordem constitucional, inclusive dos direitos fundamentais, que também integram aquilo que se pode denominar de núcleo essencial da Constituição material”. E tal é o relevo dado pelo legislador constituinte ao princípio da dignidade da pessoa humana que aparece ele expresso em várias outras disposições da arquitetura constitucional. Assim no artigo 170, caput, dispondo que “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social...” De igual modo, no título da ordem social - capítulo relativo à família, criança, adolescente e idoso - previu (artigo 226, par. 6º ) o planejamento familiar fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, assegurando o direito à dignidade à criança e ao adolescente (art. 227, caput).

Logo, a dignidade da pessoa humana, conquanto tardiamente reconhecida no plano normativo, está induvidosamente positivada na ordem constitucional pátria. Constitui, sem dúvida, princípio normativo fundamental, com a qualificação de norma jurídica fundamental da ordem jurídica. Com isto, de logo, toma-se posição quanto à natureza jurídica do princípio, pois, em sendo dado com caráter normativo, resta dar-lhe classificação como espécie, ao lado das regras, no âmbito genérico das normas.



6. O princípio da dignidade da pessoa humana como valor fundamental



6.1. Notas preliminares



Resulta, do exposto no capítulo precedente, que os princípios gerais de direito, de fonte subsidiária nos Códigos, passaram, com as Constituições da segunda metade do século XX, a constituir fonte primária de normatividade, dando corpo, na ordem jurídica, aos valores supremos desta, dos quais derivam os direitos e as garantias fundamentais. Desta forma, como sintetiza Bonavides, os princípios, enquanto valores, constituem o critério de aferição dos conteúdos constitucionais em sua dimensão normativa maior. Como já destacado, a dignidade da pessoa humana foi erigida, pelo legislador constituinte, a fundamento, embora não único, do Estado Democrático de Direito da República Federativa do Brasil (art. 1º, III), pelo que o Parlamento pátrio tomou uma decisão política fundamental relativamente ao sentido, à finalidade e à justificação do exercício do poder estatal e do próprio Estado.

Ao inserir tal princípio na tessitura constitucional, definiu, de forma categórica, a relação homem-Estado: este existe para aquele, sendo o Estado instrumento a serviço da pessoa humana. Esta é a razão de ser do Estado e não meio para que o Estado alcance fins. Aceita esta premissa, evidente resta a adoção de princípios-valores no arcabouço constitucional brasileiro, com destaque para o da dignidade da pessoa humana na precípua função de norma fundamental do ordenamento. Com efeito, o Constituinte de 1988, coerentemente com esta opção (decisão política) fundamental, não incluiu a dignidade da pessoa humana no elenco dos direitos e garantias fundamentais, porquanto estes concretizam derivação lógica daquele. Não quer isto significar, é bem de ver, que, ao positivar constitucionalmente a dignidade da pessoa humana como princípio fundante da ordem jurídica, tenha o Constituinte pretendido aprisionar aquela ao âmbito da ordem jurídica, porquanto a dignidade humana tem existência independente da positivação e do grau deste reconhecimento legal, como valor imanente que é. Porém, do nível do reconhecimento e positivação do princípio da dignidade da pessoa pela ordem constitucional dependerá a efetividade deste.



6.2. O princípio da dignidade humana como norma suprema



Os princípios, positivados constitucionalmente, constituem as normas supremas do ordenamento jurídico, ou seja, a norma das normas. Este processo se opera quando, segundo Gordillo Cañas, a Constituição materializa uma ordem objetiva de valores, o que se dá quando a dignidade da pessoa humana e os direitos da personalidade constituem os esteios da ordem política e social. Neste contexto, pois, o princípio da dignidade da pessoa humana exsurge como supremo valor da ordem constitucional, presente a moderna visão da doutrina constitucional que compreende a Lei das Leis como expressão do “consenso social sobre os valores básicos”. Em sendo valor fundamental da ordem constitucional, o princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III) projeta uma eficácia de valor unificador dos direitos fundamentais, sendo-lhe fonte jurídico-positiva. O princípio é, pois, o valor que dá unidade e coerência ao direitos fundamentais em seu conjunto, independentemente de estarem rotulados como tal e elencados no artigo 5º (direitos e deveres individuais e coletivos), nos artigos 6º a 11 (direitos sociais) ou nos artigos 14 a 17 (direitos políticos).

Sobreleva notar, como faz Sarlet, que a dignidade da pessoa humana, como valor intrínseco desta, elevada a princípio constitucional fundamental, não é passível de ser concedida pelo ordenamento jurídico, porquanto o precede e fundamenta.

Neste sentido, vista a contrário senso, decisão do Tribunal Federal Constitucional da Alemanha estabelecendo que nenhuma pessoa humana poderá ser privada da respectiva dignidade, conquanto possa ser violada a pretensão de respeito e proteção que dela decorre Logo, a dignidade da pessoa humana, por inerência humana e princípio-valor fundamentador da ordem jurídica, não constitui e nem poderá ser um direito fundamental a ser concedido.

Decorre, pois, que o princípio da dignidade da pessoa humana, tanto quanto na Alemanha, é valor superior que precede a e está materializado na ordem constitucional vigente no Brasil.

Sendo, aliás, notória e, de todo modo, amplamente referida na parte primeira deste trabalho, a inspiração haurida pelo Constituinte brasileiro do pensamento constitucional europeu, nomeadamente Alemanha, Espanha, Portugal e Itália, dúvidas não restam de que a Constituição da República Federativa do Brasil foi erigida como sistema de valores, à semelhança daquelas que a influenciaram decisivamente.

A propósito, segundo Francisco Fernandez Segado, referido por Fernando Ferreira dos Santos, há unanimidade entre os constitucionalistas espanhóis no sentido de que a ordem constitucional de Espanha constitui um sistema de valores. Com isto, na ponderação do citado autor, a Lei Maior espanhola de 1978 teve por escopo transpor o reducionismo do positivismo estatal, consagrando a dimensão axiológica do Direito, de modo que o ordenamento jurídico estatal não haure legitimidade de si mesmo, por proceder do Estado, em conformidade com os procedimentos formais de produção das normas jurídicas, como apregoava Hans Kelsen. Nem é um sistema axiologicamente neutro, que pode orientar-se a qualquer fim, com todos os perigos que disso decorre, como a história recente dá conta. Contrariamente a esta superada concepção positivista, o Direito, consubstanciado na ordem jurídica, constitui um instrumento para a realização dos fins que a Constituição enuncia como valores.

Uma vez aceito que a qualificação da dignidade da pessoa humana como princípio constitucional fundamental (art. 1º, III, CRFB) constitui, não mera declaração de conteúdo ético, mas norma jurídica positivada, de natureza constitucional formal e material, dotada de plena e pronta eficácia, há de se admitir, com Benda , que ela alcança a condição de valor jurídico fundamental da comunidade. Nessa linha argumentativa, pondera, ainda, Sarlet , com apoio em doutrina de K. Stern, que, como princípio fundamental, a dignidade da pessoa humana é valor-guia dos direitos fundamentais e assim de toda a ordem jurídica (constitucional e infraconstitucional), “razão pela qual, para muitos, se justifica plenamente sua caracterização como princípio constitucional de maior hieraquia axiológico-valorativa”.



6.3. O princípio da dignidade humana como norma e valor fundamentais



Até aqui, trabalhou-se, como o fazem os autores em sua maioria, na perspectiva identificadora de princípio e valor, à medida em que aquele, como espécie de norma, é sempre portador ou expressão deste. Passando ao largo da conhecida e diferenciadora posição teórica de Robert Alexy , e para além dela, intenta-se colher uma precisa idéia de valor, aplicável ao presente ensaio. Com a brevidade que a natureza do presente trabalho requer, parte-se da premissa de que o princípio, antes de específico mandado de otimização da concepção alexeniana, é norma de conduta, porquanto, positivado, impõe um agir de certo modo, constituindo medida ou referência de comportamento, com as características próprias da espécie, consistentes na generalidade, obrigatoriedade e coercitividade. Assim, sendo a Constituição a primeira das normas, e presente a tendência atual da constitucionalização de valores, como antes visto, com destaque para a dignidade da pessoa humana, elevada a princípio e valor supremos, tem-se que é central o conceito de valor nessa construção.

Com efeito, na compreensão de autores vários, valor identifica-se com o fim do ser. Fim este que é ontológico por tomar parte do próprio ser, no caso, o humano. Tal é o conceito colhido de Armando Câmara, para quem “valor é a relação de conformidade do dinamismo do ser com seus fins”. Dito noutros termos, mas na mesma perspectiva, “O valor é o próprio ser, visionado racionalmente, numa perspectiva teleológica, em livre posicionamento de conformidade dos seus dinamismos com seus fins”. Por seu turno, os fins do ser humano são alcançáveis por um meio não ontológico, que é a razão. Esta age na perspectiva axiológica, fazendo com que o fim do ser humano seja concebido como um bem. Os valores, pois, são fins do ser.

Voltando a Armando Câmara, tem-se que a percepção do valor na mente humana surge quando a razão, descobrindo os fins do ser humano, para os quais se projeta todo o dinamismo do ser, percebe a conformidade desses dinamismos finalizados com os próprios fins, que levam à realização total e plena do ser humano.

Diaz Revorio , em comento à Constituição espanhola, na perspectiva do sistema de valores por ela consagrados, manifesta-se no sentido de que lhe parece adequado correlacionar os valores com o finalístico bem, porquanto este constitui um critério ao qual correspondem os valores explicitados normativamente na Constituição. Assim sendo, o bem materializa-se como o devido. De notar-se, porém, que valor é um conceito que, além de jurídico, é metajurídico, porquanto os valores, embora a ele pertençam, não se cingem ao mundo jurídico.

Identificando o valor com o fim do ser, tem-se a ponderação de Basave del Valle, para quem o ponto nuclear do valor está em sua ordenação teleológica, presente em sua própria natureza. Assim, o valor está na estrutura ôntica do ser humano, com suporte no mundo real, consistindo em uma manifestação ativa do ser, que está ordenado a um fim. Esta ordem de raciocínios onto-axiológicos torna plenamente pertinente a reflexão de Verdú quando pondera que a taxativa disjunção ser/valor, isto é, entre ontologia e axiologia, levaria à dessubstancialização dos valores. Assim, a perda da visualização metafísica dos valores conduz a um nominalismo axiológico contra o qual tanto se bateu Scheler. Tampouco consiste em substituir a ontologia pela axiologia, nem a essência pela existência. Pondera ele que, nesta rota de evolução, e “já no campo do direito constitucional, se chegaria à dessubstancialização da Constituição, dos valores superiores que propugna, da dignidade da pessoa, do conteúdo essencial dos direitos fundamentais e da distinção entre lei e Direito.”

Não é demasia ponderar que o processo de juridicização de um valor consiste na sua positivação e respectiva integração ao conteúdo da justiça. Em suma, os fins do ser, quando positivados em uma norma, constituem valores jurídicos. A propósito, Luíza Matte , com toda pertinência, refere ensinamento do Prof. Cezar Saldanha de Souza Junior, para quem as normas jurídicas podem ordenar condutas direta ou indiretamente a fins. Aquela norma que ordena condutas diretamente a fins tem por conteúdo material um valor, constituindo um princípio. Logo, princípio é espécie de norma e, como norma, baliza condutas, expressando um fim ou estando diretamente a serviço de um fim. De conseqüência e em suma, os princípios, em sendo normas, como as regras, são meios de atingir os fins a que o direito se propõe. Por sua vez, o direito, ele próprio, é essencialmente meio em relação à pessoa humana, na perspectiva de realização dos fins desta, que são ontológicos.

Do exposto, conclui-se que a dignidade da pessoa humana é valor jurídico e, como tal, conteúdo material do respectivo princípio. Com efeito, a positivação constitucional da dignidade da pessoa humana, no art. 1º, inc. III, da Constituição da República, torna induvidosa sua condição de valor jurídico, com força normativa fundante da República Federativa do Brasil, constituída em Estado Democrático de Direito, sedimentando a premissa de que a pessoa humana é o fim primeiro e último, alfa e ômega, do direito e do Estado. Como valor superior e fundante da ordem constitucional, a dignidade da pessoa humana.



7. Conclusões



7.1.Hodiernamente, os ordenamentos jurídicos tendem ao reconhecimento da pessoa humana como o centro e o fim do Direito.

7.2. A pessoa humana é o fundamento primeiro do direito. Com efeito, o homem é o ser que, dentro do tempo e do espaço, se apresenta e deve ser considerado como ‘centro e fim’ de tudo o que existe, pois ele é pessoa, isto é, o ser em consciência e em liberdade.

7.3. A identidade do homem como pessoa o torna o valor absoluto - o único valor absoluto - a que tudo se refere. Este primado do homem não pode não ser reconhecido, acolhido, respeitado, promovido e tutelado

7.4. O direito tem um finalismo próprio que lhe legitima a presença na vida humana, consistente na busca do bem comum no qual se complementa o crescimento integral do homem. Tal finalismo jurídico se inscreve, obviamente, no finalismo da pessoa humana, porquanto esta é o fim último de tudo quanto existe no tempo e no espaço.

7.5. Várias Constituições inspiraram a Constituição Brasileira na positivação do princípio da dignidade da pessoa humana, dentre as quais a Lei Fundamental da Alemanha, a Constituição de Portugal, a Constituição da República Italiana e a de Portugal.

7.6. A positivação do princípio vem expressa no artigo 1º, inc. III, da Constituição da República do Brasil: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana.

7.7. A dignidade da pessoa humana, enquanto princípio, foi positivada como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito da República Federativa do Brasil.

7.8. O princípio da dignidade da pessoa humana foi positivado como valor fundamental da ordem jurídica brasileira.

7.9. O princípio da dignidade humana foi positivado como norma e valor fundamentais identificados, porquanto a dignidade da pessoa humana é valor jurídico e, como tal, conteúdo material do respectivo princípio.





BIBLIOGRAFIA

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(Artigo extraído do site http://www.maritain.com.br/)

O RIO DA VIDA


Estas são imagens de Madri, capital da Espanha, no domingo, dia 18 de outubro de 2009.


Alguém viu estas imagens transmitidas pela TV brasileira? Ou chegou a ler nos jornais de hoje, 19/10, alguma  reportagem relacionada com esta manifestação pública do povo espanhol a favor da vida e do respeito a ela e seus direitos desde a concepção?
Certamente, não.




A imprensa brasileira, nitidamente abortista, ignorou inteiramente este imenso grito pela vida, este grande testemunho de humanidade que o povo espanhol nos deu ontem.
Tal como a imprensa socialista espanhola, que minimizou a manifestação, transformando 1,5 milhão de pessoas em "alguns milhares".







Segundo o blog "Valores Inegociáveis..." (http://revculturalfamilia.blogspot.com), que publicou as capas dos jornais, "mais de 1,5 milhão de madrilenos – um milhão segundo a estimativa sempre menor da polícia – saíram às ruas no domingo para manifestar seu desacordo com a massacre dos inocentes que o governo socialista pretende piorar ainda mais.


A grande mídia – e, nisso destacou-se infelizmente mais uma vez a brasileira – não concedeu proporcionada relevância à enorme manifestação de Madri. A imprensa socialista fingiu ter visto apenas alguns “milhares” ou, no máximo, “dezenas de milhares”. Mas nenhuma destas trapaças jornalísticas ou governamentais foi capaz de diminuir a transcendental importância do acontecido. Tratou-se de maior manifestação jamais realizada em favor da vida. Ela superou largamente até a famosa e multitudinária marcha pela-vida que acontece todos os anos em Washington. Não há nem mesmo ponto de comparação com as cada vez mais esquálidas manifestações pelo aborto, paradoxalmente muito favorecidas pela mídia.A imensa multidão estava composta em grande parte de jovens. E transcorreu num ambiente de alegria familiar, ufana de sua condição de católica e bem ordenada.A manifestação foi organizada por um vasto leque de associações pela vida articuladas pelo grupo “Hazte Oir” (http://www.hazteoir.org).


A manifestação foi estritamente apartidária. Ela teve o apoio moral de associações pela vida de 88 países, inclusive do Brasil. Em Madri participaram delegações de destacadas organizações pela vida como Luci sull'Est da Itália, ou Human Life International que enviaram delegações para a passeata.


Simultaneamente, ou em dias imediatos, ocorreram ou vão ainda acontecer em sintonia manifestações análogas na Irlanda, Colômbia, Argentina, Chile, Costa Rica e Polônia, entre outros.Associações em favor da vida dos EUA, Itália, França, Holanda, Polônia, Romênia, Eslováquia, Irlanda, México, Chile, Argentina, Equador, Costa Rica, Colômbia, Porto Rico, Venezuela e El Salvador promoveram protestos diante das embaixadas espanholas em seus países segundo informou “HazteOír”.


Em Madri, o fato de alguns políticos ‒ não convidados enquanto políticos ‒ comparecerem para se fazerem fotografar não mudou a verdadeira natureza do ato. Os partidos da situação ou da oposição, em verdade, só tem trabalhado contra a vida, embora em graus mais mitigados que as esquerdas. O novo projeto socialista de Lei de Aborto leva esse crime a níveis inauditos. Ele estabelece a “liberdade total de abortar” nas primeiras 14 semanas. Atualmente, esse abominável crime está autorizado quando ocorre estupro (até as 12 semanas), malformações do feto (22 semanas) ou “perigo para a saúde física ou psíquica da mãe” (sem limites de tempo).


Porém, um clamor continuado da sociedade denuncia o cinismo com que vêm sendo tolerados ou acobertados os centros abortistas públicos e privados que trabalham em acintosa violação da lei com escuras cumplicidades nos governos nacional ou locais. Ao mesmo tempo, o governo age com mão pesada contra os defensores da vida que tentam manifestar diante dos locais onde a lei ‒ não só a moral, mas a positiva ‒ é violada com acinte.


A imensidão da manifestação "Direito de viver" de domingo sinaliza que a Espanha não engole essas manobras anti-humanas e anticristãs dos partidos ‒ socialista e aliados ‒ de certa mídia e o lobby da morte.
Ela fala de um porvir esperançoso para a nação espanhola representada super-abundantemente pelas suas famílias e pela sua juventude. Ela patenteou que o movimento pela vida cresce cada vez mais entre a juventude. Muitas outras iniciativas positivas acontecerão até se eliminar o genocídio feito sob a forma de aborto legal".
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