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quarta-feira, 27 de julho de 2011

GRÃ-BRETANHA: NOVA EUGENIA DE BEBÊS COM DEFICIÊNCIAS

Aborto até em caso de palato fendido


Por Pe. John Flynn, L.C.
ROMA, domingo, 24 de julho de 2011 (ZENIT.org) – O governo britânico acaba de tornar pública uma inquietante série de informações sobre abortos tardios e eliminação de bebês com deficiências: na Inglaterra e em Gales, são abortados até bebês com palato fendido, pé torto e síndrome de Down.
Segundo a BBC (4 de julho), conseguir essas estatísticas não foi fácil. Em 2003, o Departamento de Saúde decidiu suspender a publicação de informação sobre abortos tardios, depois de protestos generalizados contra os abortos de bebês com palato fendido.
Com base na legislação sobre a liberdade de informação, a ProLife Alliance solicitou detalhes sobre esse tipo de aborto. O Departamento de Saúde negou-se a dar informações, e só com ordem do Tribunal Supremo tornou os dados finalmente públicos.
O site do Departamento de Saúde revela abortos realizados por causa de defeitos genéticos ou deficiências e abortos feitos em meninas com menos de 16 anos.
Em nota à imprensa (4 de julho), a ProLife Alliance se disse satisfeita com a publicação dos dados, que havia solicitado em fevereiro de 2005.
A satisfação não é compartilhada por Ann Furedi, diretora executiva do British Pregnancy Advisory Service, que faz os abortos. “A publicação dessas estatísticas depois de uma campanha do lobby anti-aborto é mais um passo no desejo deles de vingança”, afirmou à BBC.
Discriminação dos deficientes
Em 2010, 482 bebês com síndrome de Down foram abortados. Dez com mais de 24 semanas. Outros 181 foram abortados devido ao histórico familiar de doenças hereditárias. Em total, houve 2.290 abortos em 2010 por problemas genéticos ou deficiências. Destes, 147 depois da 24ª semana de gestação.
Em declaração pública, a Sociedade para a Proteção das Crianças Não Nascidas (SPUC) manifestou preocupação com os dados sobre os abortos.
Anthony Ozimic, diretor de comunicação do SPUC, comenta: “Entre 2001 e 2010, o número de abortos por deficiências aumentou um terço, 10 vezes mais que os abortos em geral. É claro que o aborto legal é um sistema que discrimina, de modo fatal, os deficientes”.
A Inglaterra e Gales não são os únicos lugares em que ocorre a eliminação seletiva. Cerca de 6.000 crianças com síndrome de Down nascem por ano nos Estados Unidos. O número se reduziu desde a generalização do diagnóstico pré-natal.
Houve uma queda de 11% entre 1989 e 2006, período em que se esperava aumento, segundo reportagem da Associated Press (12 de junho) sobre o diagnóstico pré-natal.
Houve ainda um importante número de abortos em meninas menores de idade na Inglaterra e em Gales. Em 2010, foram 3.718 abortos em menores de 16 anos. Os números mostram 2.676 abortos em idades de 14 a 15 anos, 906 de 13 a 14 anos, 134 de 12 a 13 anos, e dois em menores de 12 anos. No período 2002-2010 houve em total 35.262 abortos em menores de 16 anos.
As últimas informações não são a única causa de preocupação sobre o aborto na Inglaterra e em Gales. O número de abortos aumentou 8% na última década. Em comunicado no dia 24 de maio, o Departamento de Saúde afirmou que o número total de abortos em 2010 foi de 189.574, 8% a mais que em 2000 (175.542).
O índice de abortos ficou acima de 33 por 1.000 mulheres entre 19 e 20 anos. As mulheres solteiras representam 81% de todos os abortos. Em geral, 91% dos abortos foram feitos antes da 13ª semana de gestação, com 77% antes da 10ª semana.
Os abortos médicos, ou seja, feitos com o uso de medicamentos, somam 43% do total, notável aumento em comparação com 2000, quando eram 12%.
Micaela Aston, da organização Life, expressa preocupação com a tendência das mulheres a fazer a abortos tão cedo: “É vital dar tempo às mulheres para pensar nas opções. Dados de outros países sugerem que períodos de ‘esfriamento’ antes do aborto podem reduzir essa prática, já que as mulheres e as famílias têm mais tempo para considerar as opções” (Telegraph, 24 de maio).
Reincidências
O relatório do Departamento de Saúde aponta aumento na quantidade de mulheres que reincidem no aborto. Em 2010, 34% das mulheres que abortaram já tinham abortado antes. É uma porcentagem 30% maior que a de 2000.
Estudo recente sublinha os perigos de um alto número de abortos em idade jovem, ou de ter abortos múltiplos. Pesquisas com um milhão de gravidezes na Escócia durante 26 anos mostraram que as mulheres que abortaram têm mais probabilidades de um parto prematuro e outras complicações.
Segundo reportagem do Times (5 de julho) sobre estas pesquisas, as mulheres que abortaram têm 34% a mais de probabilidades de um filho com nascimento prematuro do que as grávidas pela primeira vez.
O número sobe para 73% nas mulheres que têm o segundo filho, quando normalmente elas deveriam ter risco menor de parto prematuro.
Sohinee Bhattacharya, da Universidade de Aberdeen, dirigiu a pesquisa, ainda em etapa preliminar e não publicada.
O risco de dar à luz antes do tempo aumenta notavelmente se uma mulher tiver tido mais de dois abortos. Uma em cada cinco mulheres que tiveram quatro abortos dará à luz antes das 37 semanas, em comparação com menos de uma em cada 10 mulheres que tiveram um só. 
Bhattacharya explica que o risco de um nascimento prematuro é de cerca de 6%, enquanto que em mulheres que tiveram um aborto eleva-se a 10%.
Apesar de que o número de mulheres que se verão afetadas por isso é relativamente pequeno, Josephine Quintavalle, da ProLife Alliance, declarou ao Times que isso traz evidências sólidas do impacto do aborto na saúde.
“Independentemente da postura de alguém quanto à moralidade do aborto, é mais que evidente que deveria ser uma parte essencial dos protocolos de consentimento informado alertar as pacientes sobre os riscos muito reais de sofrer abortos não desejados no futuro”, assinala.
Consciência moral
No dia 26 de fevereiro, Bento XVI se dirigiu aos membros da Pontifícia Academia para a Vida, que tinham se reunido para seu encontro anual. Um dos temas tratados foi o trauma sofrido pelas mulheres que tiveram um aborto.
O Papa assinalou que a dor psicológica vivida pelas mulheres que abortaram “revela a voz insuprimível da consciência moral e a ferida gravíssima que ela padece cada vez que a ação humana atraiçoa a vocação inata ao bem do ser humano, que ela testemunha”. 
Ele também criticou os pais que deixam sós as mulheres grávidas. Segundo Bento XVI, estamos em um momento cultural em que houve um eclipse do sentido da vida, que debilitou a percepção da gravidade do aborto. Não há melhores evidências disso que os últimos dados da Grã-Bretanha.

terça-feira, 26 de julho de 2011

EUFEMISMO NO DEBATE SOBRE O ABORTO

ARINZE CRITICA EUFEMISMOS NO DEBATE SOBRE O ABORTO


Cardeal afirma que os animais são mais protegidos que as pessoas

FRONT ROYAL, sexta-feira, 15 de julho de 2011 (ZENIT.org) – O presidente emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos sustenta que é preciso “falar claramente” no debate sobre o aborto.
O cardeal Francis Arinze fez esta reflexão no sábado passado, durante uma conferência sobre bioética, realizada no Christendom College de Front Royal, da qual participaram também Dom Robert Morlino de Madison (Wisconsin), a autora Janet Smith o Pe. Tadeusz Pacholczyk.
O cardeal Arinze observou que os direitos humanos são invioláveis porque são recebidos de Deus e inerentes a toda pessoa humana.
“Se uma pessoa é assassinada, de que lhe servem todos os demais direitos? – perguntou-se. Alguns dizem: 'Pessoalmente, sou contra o aborto, mas não imponho minha opinião aos outros'. É como dizer: 'Alguém quer atirar no Senado e na Câmara dos Deputados, mas eu não imporei a ninguém meu ponto de vista'.”
“Não é altamente ilógico para algumas pessoas falar de baleias, chimpanzés e árvores como 'espécies em perigo' que devem ser preservadas – e quando se tortura um cachorro em alguns países, se é levado aos tribunais por tortura contra os animais –, enquanto o assassinato de não-nascidos é definido 'pro choice' antes do que realmente é, um homicídio? É preciso 'dar nome aos bois'.”
A autora Janet Smith tratou, por sua vez, da questão da contracepção. Usando a filosofia do personalismo contida na Teologia do Corpo do Beato João Paulo II, explicou os efeitos prejudiciais da contracepção na relação esponsal.
“Ter relações conjugais com uma pessoa e não estar aberto a ter um filho com essa pessoa nega a realidade pela qual a relação sexual leva a relações que duram a vida inteira – disse. Deveria ser um motivo de alegria, não algo visto como um castigo pelo fato de ter relações sexuais.”
O Pe. Tadeusz Pacholczyk, do National Catholic Bioethics Center, falou sobre a pesquisa com células-tronco.
A publicidade de Hollywood, a curiosidade científica e a busca de lucro são as causas pelas quais a destruição de embriões para obter células-tronco é financiada e ativa, segundo o especialista.
O sacerdote destacou a ironia de uma lei americana de 1940 que defende não somente a águia-de-cabeça-branca, mas também seus ovos.
“Se consideramos que destruir um ovo de águia é um mal igual à destruição de uma águia, por que não conseguimos pensar o mesmo quando se trata de uma vida humana?”, perguntou-se.
Dom Morlino prosseguiu depois com o debate, falando sobre o direito natural e o fim da vida. “Cada caso de doença terminal ou de uma pessoa moribunda é único”, afirmou.
“O difícil não são as avaliações, mas a comunicação pastoral. Se a pessoa não se sente um peso para os outros e não o é, o enfoque pastoral da comunicação da verdade é muito mais simples.”
Lorna Cvetkovich, do Tepeyac Family Center, falou do desafios que os médicos católicos devem enfrentar.
“Na nossa sociedade, 80% das mulheres usam pílulas anticoncepcionais. Se têm mais de 35 anos e um filho, há uma possibilidade entre 50-60% de que já tenham se tornado estéreis, e a porcentagem de gravidezes com fecundação in vitro aumenta cada ano – destacou. Devemos enfrentar muitas questões.”
Os profissionais médicos católicos, segundo ela, devem se preocupar não somente com as questões relativas à saúde reprodutiva, mas também às práticas de pesquisa. Um desafio para a profissão médica é entender e reconhecer o quanto a ideologia influenciou no ideal científico.
“Muitos dados e várias pesquisas mostraram que o aborto aumenta o risco de câncer de mama – comentou. Por que se esconde esta informação? No passado, podíamos confiar em que as pessoas tinham vontade de realizar pesquisas positivas.”
Concluindo, Cvetkovich confessou temer pelo futuro da medicina católica: “Deveremos escolher entre praticar a medicina anti-hipocrática e pro-choice e praticar uma hipocrática, católica, pró-vida e perder nosso trabalho”.

ABSURDAS E IMORAIS PESQUISAS DE HÍBRIDOS DE CÉLULAS HUMANAS COM ANIMAIS

“Frankenstein”: Cientistas da Inglaterra alertam sobre pesquisas secretas de híbridos de seres humanos com animais

LONDRES, Inglaterra, 25 de julho de 2011 (Notícias Pró-Família) — Num cenário que um grupo de cientistas da Academia de Ciências Médicas avisou se assemelha ao “Frankenstein” de Mary Shelley, cientistas britânicos criaram mais de 150 embriões híbridos de seres humanos com animais em pesquisas secretas conduzidas em laboratórios britânicos.
De acordo com o jornal Daily Mail, 155 embriões “mesclados”, contendo material genético tanto humano quanto animal, foram criados durante os passados três anos por cientistas que disseram que dava para se colher células-tronco para serem usadas em pesquisas com a finalidade de alcançar possíveis curas para uma grande variedade de doenças.
As pesquisas secretas foram reveladas depois que uma comissão de cientistas alertou sobre um cenário de pesadelo em que a criação de híbridos de seres humanos com animais poderia ir longe demais.
O Prof. Robin Lovell-Badge do Instituto Nacional de Pesquisas Médicas e coautor deum relatório feito pela comissão de cientistas, avisou sobre os experimentos e pediu uma vigilância mais rigorosa desse tipo de pesquisa. De forma especial ele concentrou a atenção em material genético humano que vem sendo implantado em embriões animais, e tentativas de dar atributos humanos aos animais de laboratórios injetando células-tronco nos cérebros de macacos.
Revelou-se que os laboratórios da Universidade King’s College de Londres, da Universidade de Newcastle e da Universidade de Warwick receberam autorizações para realizar as pesquisas após a introdução da Lei de Embriologia e Fertilização Humana de 2008 que legalizou a criação de híbridos de seres humanos com animais, bem como “cíbridos”, em que um núcleo humano é implantado numa célula animal, e “quimeras”, em que células humanas são misturadas com embriões animais.
Entretanto, os cientistas não pediram nenhuma lei adicional para regulamentar tais pesquisas polêmicas, mas pediram, em vez disso, uma comissão de especialistas para supervisioná-las. O Prof. Martin Bobrow, presidente do grupo de trabalho da Academia que produziu o relatório, disse: “A vasta maioria dos experimentos não apresenta questões além do uso geral de animais em pesquisas e esses experimentos devem prosseguir sob os regulamentos atuais. Um número limitado de experimentos deveria ser permitido e sujeito a análises por parte do órgão de especialistas que recomendamos; e só um número muito pequeno de experimentos deveria ser empreendido, até que pelo menos as consequências potenciais sejam mais plenamente compreendidas”.
Peter Saunders, presidente da Federação Médica Cristã, uma organização com sede na Inglaterra com 4.500 médicos ingleses, expressou ceticismo acerca de tal órgão regulador.
“Cientistas regulando cientistas é preocupante porque os cientistas geralmente não são especialistas em teologia, filosofia e ética e muitas vezes têm interesses especiais de natureza ideológica ou financeira em suas pesquisas. Além disso, eles não gostam que coloquem restrições em seu trabalho”, observou Saunders.
Numa sessão de perguntas e respostas no Parlamento sob a direção do Lorde David Alton depois da divulgação do relatório, revelou-se que as pesquisas envolvendo híbridos de seres humanos com animais pararam devido à falta de financiamento.
“Argumentei no Parlamento contra a criação de seres meio humanos e meio animais como assunto de princípio”, disse lorde Alton. “Nenhum dos cientistas que apareceu diante de nós conseguiu nos dar qualquer justificativa em termos de tratamento. Em toda fase a justificação dos cientistas foi: se tão somente vocês nos derem permissão para fazer isso, encontraremos curas para todas as doenças que a humanidade conhece. Isso é chantagem emocional”.
“Eticamente, nunca dá para justificar isso — isso nos tira o crédito como um país. É envolver-se com coisas bizarras”, acrescentou lorde Alton. “Dos 80 tratamentos e curas que ocorreram a partir das células-tronco, todos vieram das células-tronco adultas, não das embrionárias. Na base da ética e moralidade, [os experimentos com células-tronco embrionárias] fracassam; e na base da ciência e medicina também”.
Josephine Quintavalle, da organização pró-vida Comment on Reproductive Ethics(Corethics), disse para o Daily Mail, “Estou horrorizada com o fato de que isso esteja ocorrendo e não sabíamos nada disso. Por que eles guardaram isso como segredo? Se eles têm orgulho do que estão fazendo, por que precisamos fazer ao Parlamento perguntas para que isso seja trazido à luz?”
“O problema com muitos cientistas é que eles querem fazer coisas porque querem fazer experiências. Essa não é uma justificativa boa o suficiente”, concluiu Quintavalle.
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Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
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EX-FUNCIONÁRIA DE CLÍNICA DE ABORTO ROMPE SILÊNCIO E DEFENDE A VIDA

Ex-funcionária de clínica de aborto rompe silêncio e abre a boca para defender a vida

21 de julho de 2011 (LiveAction.org/Notícias Pró-Família) — Uma das armas mais poderosas no arsenal pró-vida é o testemunho autêntico daqueles que defenderam e ajudaram a fornecer abortos, e mais tarde viram a luz. Pessoas como o Dr. Bernard Nathanson, Carol Everett e Abby Johnson têm informações e discernimento que nos ajudarão a ganhar a guerra contra a indústria do aborto.
Jewels Green
Jewels Green, mãe de três filhos e natural da cidade de Allentown, na Pensilvânia, fez a corajosa decisão de finalmente abrir a boca para defender a vida. Em seu primeiro testemunho público, ela falou com Live Action acerca de sua experiência de passar pelo sofrimento do aborto como adolescente e mais tarde passar vários anos trabalhando numa clínica de aborto.
Este é o testemunho dela:
Meu primeiro bebê faria 22 anos nesta semana.
Eu era uma adolescente de 17 anos, usando drogas e tendo já abandonado a escola secundária, mas quando a senhora do exame me disse que eu estava grávida, já me via como uma nova mãe.
Todos queriam que eu fizesse aborto… menos eu.
Eu realmente parei de usar drogas, fui a uma biblioteca e fiz uma busca minuciosa de um livro chamado “Under 18 and Pregnant” (Com Menos de 18 anos e Grávida) e comecei a lê-lo para me preparar. Agendei meu primeiro exame de saúde pré-natal. Meu namorado estava implacável. Estou deliberadamente omitindo os detalhes da violência, tanto real quanto ameaçada, mas finalmente cedi diante da insistência do meu namorado para não ter nosso bebê.
Em 4 de janeiro de 1989, ele me levou para a clínica de aborto, mas eu literalmente perdi toda esperança de salvar meu bebê.
Dois dias mais tarde, em 6 de janeiro de 1989, com 9 semanas e meia de gestação, fiz um aborto. Quase me matou. Não, não o procedimento cirúrgico, mas as consequências psicológicas. Tentei o suicídio três vezes depois do meu aborto e finalmente acabei numa repartição psiquiátrica para adolescentes num hospital comunitário durante um mês para me recuperar.
Fui pressionada a ter um aborto e achei que me tornando conselheira numa clínica de aborto, eu poderia ajudar outras mulheres como eu a realmente desabafarem seus sentimentos sobre a questão, verdadeiramente investigar suas opções e ajudá-las a fazerem decisões honestas e informadas — ou ajudá-las a deixar uma situação abusiva.
Trabalhei numa clínica de aborto durante cinco anos (desde a idade dos 18 até os 23) — não na mesma clínica onde fiz meu aborto. Comecei atendendo telefone, depois na recepção fazendo a inscrição das pacientes e aceitando pagamentos, então aprendi auxílio médico e ajudei no laboratório, pegava sinais vitais na sala de recuperação e lavava equipamentos na área de desinfecção. (Falarei mais disso depois.) Então, depois de dois anos trabalhando na clínica e começando a fazer faculdade como estudante de psicologia, fui treinada como conselheira.
A experiência de “aconselhamento” não era o que eu esperava. Praticamente todas as mulheres grávidas que chegavam à clínica para receberem “aconselhamentos de opções” já tinham feito sua decisão, mas apenas queriam examinar a clínica e ter respostas para suas perguntas e talvez obter alívio para seus temores. E a maioria das mulheres que chegavam sentia que não tinham nenhuma outra escolha. Poucas estavam realmente ambivalentes.
É nesse ponto que o movimento pró-aborto e as clínicas de aborto falham. Com certeza, tínhamos uma agendinha com os nomes e números de duas agências locais de adoção, mas nunca havíamos recebido treinamento ou instrução de como o processo de adoção funciona, de modo que pudéssemos explicar para as mulheres. Tínhamos o número de telefone da filial local da [agência federal de assistência às mães e seu bebês] WIC, assistência pública, etc., mas de novo, não sabíamos nada acerca do processo se uma mulher chegasse a perguntar sobre detalhes. Se uma mulher grávida quisesse saber mais sobre essas outras escolhas, o melhor que a “conselheira de opções” poderia oferecer era uma nota de recado com um número de telefone apressadamente rabiscado nele.
Durante meu tempo na clínica, eu era uma apoiadora ferrenha do direito de abortar, enquanto o tempo inteiro eu sabia no meu coração que o que eu estava fazendo era errado, que eu sentia falta do meu bebê e que eu desejava que as coisas pudessem ser diferentes para mim. Em retrospecto, posso ver que ao me cercar de pessoas que criam que era certo abortar bebês, eu estava esperando que algum dia eu ficaria em paz com o fato de que eu havia abortado meu bebê. Isso nunca aconteceu.
Participei duas vezes em Washington, D.C. da marcha a favor do direito de abortar. Fiz pressões políticas em Harrisburg (a capital da Pensilvânia). Eu havia me unido a David Gunn, Jr. para fazer pressões políticas no Congresso em favor de sanções mais fortes contra os ativistas antiaborto que incomodam mulheres grávidas, jogam bombas em clínicas de aborto, intimidam funcionários de clínicas e matam médicos (como o pai de David, o Dr. David Gunn, que foi morto por um “ativista” antiaborto) — mas mesmo então nunca concordei com gritos de guerra tais como “Aborto legalizado e sem apologia!” que se entoavam em tais reuniões. Era — e é — muito mais complicado do que isso.
Depois de me formar na faculdade com um diploma em psicologia, deixei meu emprego na clínica para trabalhar no turno da noite atendendo uma linha telefônica especial para adolescentes em crise durante um ano antes de me mudar para a cidade de Nova Iorque para estudar pós-graduação. Depois de obter mestrado em psicologia, mudei de volta para minha cidade natal e trabalhei em tempo parcial na clínica durante boa parte de minha próxima gravidez.
Lembro-me de que numa manhã de sábado (um dia importante para operações, quando mais de 20 abortos estavam agendados e pelo menos doze manifestantes estavam do lado de fora, em pé ao longo do longo acesso de entrada que levava ao estacionamento da clínica) quando eu estava com cerca de seis meses de gravidez, muito visível — uma gravidez muito mais avançada do que o limite de aborto de gravidezes de 16 semanas que a clínica permitia — quando uma manifestante gritou para mim: “Seu bebê ama você!”
Sorri para mim mesma. Quando entrei e comecei a ajudar a enfermeira a arrumar a sala de recuperação, eu contei a ela sobre isso, e ela ficou indignada e horrorizada. Mesmo então — como uma funcionária ativa na clínica — dizer a uma mulher grávida que seu bebê a ama não parecia como uma coisa desagradável de se dizer, ou mesmo de se gritar, para uma mulher obviamente grávida.
Contudo, minha identificação pessoal como pró-vida só ocorreu muitos anos mais tarde. Depois de finalmente me perdoar pelo aborto do meu primeiro bebê, tive condições de ver o mundo de modo diferente. Depois de dois casamentos fracassados, pude finalmente fazer um compromisso e meu marido e eu estamos casados há onze anos. Depois de dar a luz três meninos do sexo masculino e sentir a vida crescer dentro de mim e conhecendo o ardoroso e impressionante amor que uma mãe pode sentir por um filho, pude finalmente reconhecer que, sim, a vida começa na concepção.
Mas só foi quando por acaso assisti aos vídeos de YouTube de Abby Johnson e então li o livro dela, Unplanned (Não planejado), que pude dizer alto que eu sou pró-vida. Foi a história estupenda de Abby, e seu testemunho corajoso e honesto, que me ajudaram a me juntar publicamente às fileiras do movimento pró-vida.
E embora agora me considere pró-vida, eu simplesmente não consigo agir de acordo com os extremistas dentro das fileiras do movimento que muitas vezes agem sem serem repreendidos por muitos da liderança com voz ativa na postura pró-vida. Eu estava na recepção quando a clínica foi invadida em 22 de julho de 1992, que mais tarde apelidamos de “A Quarta-Feira do Inferno”. Seis pessoas invadiram a sala de espera com um grande instrumento de metal com múltiplos tubos ligados que todos presumimos era uma bomba, até que eles deslizaram os braços dentro do instrumento e começaram a cantar. Eles estavam na sala de espera “grudados” a essa coisa durante sete horas enquanto a polícia local e estadual e agentes do FBI tentavam negociar com eles e tirar deles o instrumento. Eles fizeram xixi no carpete. As funções diárias da clínica continuaram em outras partes do prédio. 
Como resultado dessa invasão, nenhuma mulher mudou de ideia.
Eu estava trabalhando na recepção no dia em que duas clínicas de aborto da cidade de Boston foram atacadas por um pistoleiro antiaborto armado que feriu cinco pessoas e matou duas. O pistoleiro ficou foragido por muitas horas antes de ser preso. Boston está a cinco horas de onde eu trabalhava, e eu permaneci na recepção. (Meu tio, um sargento da polícia, insistiu em que eu vestisse um colete a prova de balas para trabalhar durante uma semana inteira depois desse acontecimento, e vesti.) Uma das ex-diretoras da clínica para quem eu trabalhava teve sua casa arrombada duas vezes, outra diretora rotineiramente vê manifestantes com piquetes em sua casa e teve a experiência de ser seguida do trabalho para casa por veículos estranhos em várias ocasiões. Tem de haver melhores maneiras de avançar a causa da vida.
Falando nisso: o aborto termina uma vida. Ponto final. Isso não está em questão, nem deveria estar. Essa é uma verdade fundamental. Trabalhei na sala de desinfecção onde os “produtos da concepção” (como tantos defensores do aborto — e conselheiros de clínicas de aborto — chamam o feto e a placenta) eram rearrumados e contados para garantir que “havíamos pegado todos os pedaços”. No caso dos abortos feitos no início de gravidez, isso significava fazer flutuar o conteúdo do jarro em água para visualizar a vilosidade coriônica. No caso de abortos feitos em gravidezes de 8 semanas e meia a 12 semanas, isso significava contar mãos e pés, certificando-se de que a espinha dorsal, as costelas e o crânio estavam presentes, onde você tem uma ideia do que era feito. No caso de abortos em que o tempo de gestação do feto estava em questão, especialmente se havia uma chance de surpresa, significando uma gravidez abortada além do limite legal da clínica de 14 semanas de UPM (a partir do último período menstrual), os pés eram medidos para se apurar a exata idade da gestação.
Trabalhar na sala da desinfecção nunca era fácil. Eu via meu filho perdido em todos os jarros contendo partes de bebês abortados. Certa noite depois de trabalhar na sala de desinfecção, meus pesadelos sobre bebês mortos eram tão horríveis, nojentos e intensos que tive uma reunião com a diretora da clínica para conversar sobre meus sentimentos.
Ela foi muito compreensiva, aberta e honesta, e dolorosamente franca quando me disse: “O que fazemos aqui é acabar com a vida. Pura e simplesmente. Não há como negar esse fato. Para trabalhar aqui, você precisa aceitar essa realidade”. Depois de alguns dias de revezamento na sala de desinfecção, senti que já estava acostumada com aquilo e, Deus me ajude, voltei.
Quando eu estava no quarto ano de trabalho na clínica eles receberam permissão para fazer abortos até 16 semanas de UPM, uma mulher deixou e duas funcionárias — inclusive eu — se recusaram a trabalhar nos casos de gravidez avançada. Minha chefa foi compreensiva e me agendou para trabalhar com pacientes ginecológicas não grávidas naqueles dias.
Para mim mesma, sei em meu coração que eu nunca destruiria uma gravidez — NUNCA — nem nunca trabalharia numa clínica de aborto de novo. Se alguém que amo estivesse enfrentando uma gravidez não planejada, eu faria tudo o que pudesse para ajudá-la a achar um jeito de permanecer grávida e dar uma chance a esse bebê — quer se tornando mãe ou oferecendo o bebê para adoção.
Há um número muito grande de vidas inocentes sendo exterminadas em nosso país antes de terem a oportunidade de dar seu primeiro fôlego, e como nação deveríamos agir melhor. Precisamos agir melhor. Precisamos fornecer reais recursos para mães grávidas que estão enfrentando uma gravidez não planejada. As mulheres e os bebês de nosso país merecem coisas melhores. Afinal, às vezes as melhores coisas na vida não são planejadas.
Para o meu bebê que nunca nasceu: feliz dia de aniversário que você nunca teve. Sinto falta de você todos os dias. Com amor e lágrimas, mamãe.
Publicado com a permissão de Live Action blog
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Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com

Mulher canadense com morte cerebral desperta depois que sua família se recusa a doar órgãos dela

DROMMONDVILLE, Quebec, Canadá, 5 de julho de 2011 (Notícias Pró-Família) — Na semana passada, Madeleine Gauron, uma mulher de Quebec identificada como viável para doar órgãos depois que os médicos a diagnosticaram como “cerebralmente morta”, surpreendeu sua família e médicos quando se recuperou de um coma, abriu os olhos e começou a comer. 
A mulher de 76 anos havia sido hospitalizada no Hospital Sainte Croix de Drummondville devido a uma inflamação das gengivas, que exigiu uma breve operação. Durante sua recuperação, a equipe do hospital deu à mulher idosa alimento sólido, que ela não havia tido condições de consumir no lar de sua família por algum tempo, e ficou sem atendimento. Sufocando-se na comida, ela caiu num coma, depois de uma tentativa sem êxito de ressuscitá-la. 
A equipe médica fez contato com a família dela, explicando a eles que sua mãe havia tido uma “morte cerebral”, sem nenhuma esperança de recuperação. Citando os olhos de Gauron como particularmente viáveis, os médicos perguntaram se a família concordaria em doar órgãos. 
Embora apoiassem a possibilidade de doação, sua família chocada primeiramente exigiu mais exames médicos para comprovar que Gauron estava realmente morta. 
No dia seguinte, a família ficou perplexa ao ficar sabendo que Gauron havia despertado. Logo depois, ela se sentou na cama e comeu iogurte. 
“Se tivéssemos decidido doar os órgãos dela, eles a teriam matado”, disse o filho dela. 
“Não faz sentido nenhum tratar as pessoas assim. Embora tenha 76 anos e esteja doente, ela não tinha de sofrer tudo isso”, insistiu a filha dela. 
Madeleine Gauron tem agora condições de comer, andar e conversar, e imediatamente reconheceu sua família. Seus filhos decidiram iniciar ação legal contra o hospital. 
À medida que fatos curiosos semelhantes aos de Gauron continuam a se acumular, a “morte cerebral” como um diagnóstico legítimo de morte real está cada vez mais sendo questionada por preocupados membros de famílias e profissionais médicos, alguns dos quais acusam que o critério de “morte cerebral” foi criado simplesmente para garantir que órgãos colhidos sejam frescos. 
Atualmente, mais da metade das enfermeiras das unidades de terapia intensiva na Suécia que cuidam de pacientes supostamente com morte cerebral têm dúvidas acerca dos métodos de se determinar a morte cerebral, de acordo com uma recente pesquisa de opinião pública divulgada pela Academia Sahlgrenskada Universidade de Gotemburgo. 
Embora os regulamentos exijam que os médicos suecos apurem a morte cerebral por meio de exames clínicos determinados, maiores análises em conjunção com raios x cerebrais só são realizadas para pacientes selecionados. 
A autora da tese, Anne Flodén, uma enfermeira diplomada e pesquisadora no Instituto de Ciências de Saúde e Cuidado, disse que o resultado do estudo é problemático, indicando a necessidade de normas claras envolvendo o processo de diagnóstico e doação de órgãos. 
“Esse problema foi levantado por muitas enfermeiras de UTI em vários outros estudos”, disse Flodén. “Elas ficaram desapontados com a falta de estrutura e normas e estão pois pedindo mais apoio da administração sobre essas questões”.
(fonte: http://juliosevero.blogspot.com/)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

A PIOR DISCRIMINAÇÃO SEXUAL: ELIMINAÇÃO DE MENINAS

Novo livro detalha a prática do aborto seletivo


Por padre John Flynn, L. C.
ROMA, domingo, 17 de julho de 2011 (ZENIT.org) – A discriminação sexual não se limita ao mundo ocupacional. Em muitos países, meninas ainda nem nascidas têm um destino já traçado: a eliminação.
A jornalista Mara Hvistendahl analisa os motivos e o alcance dessa prática em Unnatural Selection: Choosing Boys Over Girls, And the Consequences of a World Full of Men [Seleção não natural: a preferência por meninos e as consequências de um mundo cheio de homens].
Nascem no mundo 105 meninos para cada 100 meninas. Os homens têm mais probabilidades de morrer jovens, o que faz com que esse ligeiro desajuste nos nascimentos acabe chegando a um equilíbrio populacional entre os adultos. Os dados citados no livro revelam a dramática situação da China e da Índia, onde o nível atual de nascimentos masculinos atinge 121 e 112, respectivamente, para cada 100 meninas.
Em 2005, o demógrafo francês Christophe Guilmoto calculava que, se a proporção de nascimentos tivesse permanecido em seu nível natural, o continente asiático teria chegado a 163 milhões de mulheres a mais. Esta cifra é superior a toda a população feminina dos Estados Unidos, observa Hvistendahl.
Não é só um problema da Ásia. Segundo o livro, a mesma tendência está presente no Cáucaso – Azerbaijão, Geórgia e Armênia – e nos Bálcãs.
A redução do número de mulheres está ocorrendo justo quando o crescimento da população vem se reduzindo drasticamente. A geração atual é a mais numerosa de todas as que muitos países em desenvolvimento vão ter nas próximas (muitas) décadas.
É uma geração que nasce num momento em que muitos países que sofrem o desequilíbrio artificial de gêneros melhoraram seu nível de vida de modo notável. Os analistas de ciências sociais sempre assumiram que as perspectivas das mulheres melhorariam quando os países enriquecessem, mas aconteceu o contrário.
Elementos ideológicos
Esta suposição cegou os demógrafos diante do que estava ocorrendo, observa Hvistendahl. Apesar do surgimento de máquinas de ultrassom baratas para as ecografias, muitos assumiram que o aborto seletivo logo desapareceria. Mesmo hoje, as previsões de população das Nações Unidas assumem que os casais terão em breve um número igual de meninos e de meninas.
Um dos temas principais do livro de Hvistendahl é a tentativa de achar as causas do desequilíbrio. Ao contrário de outros, que destacam a tradicional preferência cultural pelos meninos como o principal fator, ela aponta fatores adicionais, como a pressão para controlar a população.
As pessoas de quase todas as culturas têm preferência por filhos meninos, e, mesmo assim, a seleção sexual não acontece em todas as culturas.
Existe, também, uma forte correlação entre os países que mudaram recentemente a tendência de alta para baixa fertilidade e um significativo número de meninas não nascidas.
Nas últimas décadas, o movimento de controle populacional transformou as pessoas em números, e os pais foram incentivados, nos países em desenvolvimento, a ter famílias pequenas. A ideia de controlar a reprodução levou à mentalidade de que os meninos são uma espécie de produto manufaturado, explica a autora.
A partir dos anos sessenta, as elites empresariais e culturais dos Estados Unidos começaram a pressionar a favor do controle populacional, que elas consideravam necessário para garantir o sucesso econômico nos países em desenvolvimento. As ajudas econômicas ocidentais costumavam vir atreladas a medidas de controle populacional.
Não foi a primeira vez que o Ocidente aplicou tais pressões. Na Índia, os britânicos documentaram a prática do infanticídio feminino, atribuindo-o a tradicionais culturas primitivas. Os estudos posteriores, explica Hvistendahl, analisaram as políticas de controle da terra e de arrecadação de impostos da Companhia das Índias Orientais no século XIX e concluíram que elas aumentaram a pressão para assassinar as meninas.
É fato que em algumas castas as meninas eram assassinadas antes da chegada dos britânicos, mas, à medida que os colonialistas introduziam suas reformas, aquele tipo de infanticídio estendeu-se para outros grupos.
Já no século XX, em 1967, a Disney produziu um filme para o Conselho de População chamado Family Planning. Traduzido em 24 idiomas, apresentava o Pato Donald como o pai responsável de uma pequena e rica família. Sem planejamento familiar, dizia-se aos espectadores, “as crianças ficarão doentes e tristes, com poucas esperanças de futuro”.
Filho homem: um dever
A suposição de que a seleção sexual se deve acima de tudo à cultura tradicional se contradiz, também, ao se descobrir que esta seleção sexual começa na sociedade urbana e com boa educação.
O censo de 2001 na Índia mostrou que as mulheres com estudos superiores tinham 114 meninos para cada 100 meninas. Entre as mulheres analfabetas, a proporção era de pouco mais de 108 por 100.
Outro exemplo é a situação da província chinesa de Suining, entre Shangai e Pequim. A partir dos anos noventa, a província viveu um forte crescimento econômico, que permitiu que os pais subornassem os técnicos das ecografias que determinam o sexo. Quando Hvistendahl visitou a região, a “tarifa” do suborno pela informação do gênero do bebê era de 150 dólares. Em 2007, as estatísticas do governo indicavam em Suining o nascimento de 152 meninos para cada 100 meninas.
Ocorre o mesmo na Albânia. De 2004 a 2009, a economia cresceu em média 6% ao ano. A fertilidade caiu de 3,2 filhos por mulher em 1990 para 1,5 em 2010. As Nações Unidas identificam no país a proporção de 115 meninos para cada 100 meninas.
Análise
O livro também analisa a acusação de que são os homens que vêem suas filhas como inferiores e obrigam suas esposas a abortar, se se trata de uma menina. Isso ocorre em alguns casos, mas Hvistendahl afirma que a decisão de abortar costuma ser tomada pela mulher, seja a esposa ou a sogra.
Citam-se pesquisas que demonstram que as mulheres costumam submeter-se a abortos seletivos por razão de sexo para cumprir seu “dever” de ter um filho homem e, neste sentido, isso é descrito como algo que é sua responsabilidade.
Fertilidade
Esta preferência pelos meninos é uma atitude que se mantém inclusive nas populações asiáticas dos países ocidentais. Nos EUA, um estudo de descendentes de casais chineses, coreanos e indianos revelou que para o primeiro filho há uma proporção de sexos normal. Mas para os casais que já têm uma filha, a proporção de sexos era de  117/100 e, se houvesse tido duas filhas, a probabilidade de que o terceiro descendente fosse menino subia para 151/100.
Não se sabe muito bem – assinala Hvistendahl – por que isso ocorre entre casais que vivem nos EUA em circunstâncias muito diferentes das de seu país de origem. Uma pista, talvez, é que a taxa de fertilidade entre os norte-americanos de origem asiática esteja entre as mais baixas das minorias, em 1,9 filho por mulher.
Hvistendahl considera também as consequências para o futuro desse desequilíbrio na proporção de sexos. Evidentemente, haverá dezenas de milhões de homens que não conseguirão encontrar esposa. Dado que a primeira geração de atingidos por este desequilíbrio já cresceu, houve um aumento do tráfico sexual, da compra de noivas e dos casamentos à força.
Na Coreia do Sul e em Taiwan, os homens fazem “viagens matrimoniais” ao Vietnã para conseguir uma esposa. Os homens das regiões mais ricas da China e Índia compram as mulheres das regiões mais pobres.
Por outro lado, o excesso de homens solteiros poderia dar como resultado sociedades mais instáveis e violentas.
O aborto por seleção de sexo não é tão comum nos países ocidentais, mas algumas clínicas de fertilidade oferecem a possibilidade de selecionar o sexo antes da implantação, como parte do tratamento de fecundação in vitro. Muitos países proíbem isso – 36, segundo a informação citada no livro –, mas nos EUA não há tais restrições.
Dado que a fecundação in vitro também tem se estendido aos países em desenvolvimento, estas nações também estão recorrendo a ela para selecionar o sexo. “Na China e na Califórnia por igual, as mães se converteram nas defensoras da eugenia”, diz Hvistendahl. Uma tragédia que terá graves consequências nas próximas décadas.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

AUTORIZAÇÃO PARA MATAR?

Um americano viajou à Irlanda e lá ficou surpreso com a quantidade de pessoas com o que antigamente se chamava mongolismo e hoje é a conhecida “síndrome de Down”. Raríssimas na sociedade americana, essas pessoas a quem Morris West se referiu como “aqueles a quem Deus deu a graça da eterna inocência” são muito mais comuns na Irlanda.

A razão da diferença proporcional é simples: nos Estados Unidos eles são mortos. Mortos em condições controladas e assépticas, em clínicas esterilizadas, assim que o pré-natal faz com que os pais saibam que o filho é assim. Já na Irlanda, onde o aborto é proibido, a pena de morte não é aplicada de modo tão automático.

Aqui no Brasil estamos no meio-termo: muitos – não todos – são mortos; ilegalmente, mas não menos fatalmente. Mas ressurge a ideia, já proposta pelo nazismo, de que o Estado pode declarar que há vidas humanas sem valor. Vários juízes já deram autorização para que fossem abortados bebês com má-formação do crânio ou do cérebro, considerando que a condição deles seria “incompatível com a vida”, e por isso a vida que eles têm pode ser exterminada. Agora, ao que se diz, a questão vai para o Supremo Tribunal Federal.

Eu poderia citar casos, como o do funcionário francês que vive, trabalha e criou dois filhos apesar de ter uma má-formação cerebral que lhe valeria a pena de morte se seu caso houvesse sido julgado por um desses juízes, ou o da menininha Vitória, que nasceu sem crânio e vive, ri e alegra seus pais em São Paulo desde que nasceu, há um ano e meio. Mas não interessa.

O que apavora é que a possibilidade de problemas, ou mesmo de morte precoce, possa valer uma autorização automática para matar.

Ora, todos nós morreremos. O mais saudável dos seres humanos pode morrer amanhã, e pessoas com doenças graves podem viver longos anos, muitas vezes criando coisas que perduram para sempre. Matar agora por ser provável que se morra amanhã é um passo gigantesco e apavorante: é considerar que se pode matar, que se pode julgar que uma vida presente não tem valor. Hoje podem ser crianças doentes. Amanhã podem ser idosos, como já ocorre na Holanda. Depois de amanhã, podem ser as crianças com o sexo “errado”, como já ocorre na China, podem ser os homossexuais, podem ser quaisquer pessoas que se julgue não serem “produtivas o bastante”. O céu, ou melhor, o inferno é o limite.

O perigoso é passar por essa primeira porta, é achar que se pode declarar que uma vida não tem valor. Se existe a permissão para matar, quem é a vítima é apenas um detalhe.

Carlos Ramalhete

terça-feira, 19 de julho de 2011

COSMOVISÃO CEGA: ESCASSEZ DE MULHERES E O ABORTO

Chuck Colson

18 de julho de 2011 (Breakpoint.org/Notícias Pró-Família) — Semanas atrás, lhes disse que há um número de cerca de 160 milhões de mulheres asiáticas em falta, porque elas nunca nasceram.
Essas mulheres, vítimas de práticas de aborto por seleção sexual, são o assunto de um recente livro escrito por Mara Hvistendahl. Hvistendahl começa com o que Paul Ehrlich famosamente chamou de a “Bomba Populacional” e o movimento de controle populacional das décadas de 1960 e 1970. Os que queriam controlar a população descobriram que o desejo que as pessoas têm de ter um filho do sexo masculino era um grande impedimento para as iniciativas deles: Em todos os países em desenvolvimento, principalmente na Ásia, as mulheres continuavam tendo filhos até terem um menino.
Assim, conforme nos diz Hvistendahl, “os promotores do controle populacional começaram a falar sobre” seleção sexual. Ehrlich escreveu em seu livro The Population Bomb (A Bomba Populacional) que “se pudermos descobrir um método simples de garantir que os filhos primogênitos sejam do sexo masculino… então os problemas de controle populacional em muitas regiões estarão de certa forma atenuados”.
Pois bem, logo depois dinheiro, know-how e tecnologia do Ocidente providenciaram o “método simples” — amniocentese, vindo em seguida o aborto deliberado. Os médicos, primeiramente na Índia, e então em toda a Ásia, aprenderam como usar a combinação [de amniocentese e aborto] para garantir que as pessoas tivessem um filho do sexo masculino na primeira vez. E quem lhes ensinou tudo foram organizações como a Fundação Rockefeller e a Agência de Planejamento Familiar da ONU, o FNUAP.
As organizações de controle populacional insistiam em que a necessidade de frear o crescimento da população era tão grande que “os prejuízos de uma distorcida proporção sexual” teriam de ser tolerados. Cara, eles estavam errados. Lá por 2020 cerca de 20 por cento de todos os homens chineses “ficarão sem uma colega do sexo feminino”. E, conforme eu lhes disse, essa escassez de mulheres está estimulando um crescente comércio de prostituição na Ásia.
Considerando o que Hvistendahl chama de “resultados trágicos” da “promoção que o Ocidente fez das práticas de seleção sexual”, você esperaria que ela ficasse indignada, e ela está. Mas entenda isto: Ela está indignada com as pessoas que são a favor da vida! Porque essas pessoas ousam citar a pesquisa dela para fazer a conexão entre a escassez de mulheres na Ásia e a promoção dos “direitos de fazer aborto”.
Ela criticou Ross Douthat, colunista do jornal [esquerdista] New York Times, por apontar para o fato de que é difícil os apoiadores do aborto legal então insistirem em que o aborto não seja usado para seleção sexual. Ela lamenta a “situação difícil” em que se encontram agora a Federação Internacional de Planejamento Familiar e a Organização das Nações Unidas.
É difícil imaginar um exemplo mais claro do poder cegador de uma cosmovisão falsa. Tendo documentado o papel do aborto legal na eliminação de 160 milhões de mulheres, Hvistendahl fica ofendida quando as pessoas sugerem que o aborto legal pode não ser tal boa coisa, afinal.
Incrível, mas um exemplo clássico do impasse pós-moderno. Numa sociedade que adora a autonomia individual acima de tudo o mais, quando conseguimos o que queremos, descobrimos que não conseguimos viver sem isso.
Há anos tenho ensinado que é muito importante que adotemos uma cosmovisão que seja compatível com a realidade; que é importante que testemos a validade de toda cosmovisão. Empurre uma cosmovisão até suas conclusões lógicas, e se você não puder viver sem essas conclusões, veja bem, essa cosmovisão comprova ser racional.
Mas uma coisa é muito clara: os defensores do aborto e sociedades inteiras — e pelo menos 160 milhões de mulheres que deveriam estar vivas — não podem viver com as conclusões lógicas de uma cosmovisão que valoriza a escolha do aborto acima da vida humana. Portanto, tal cosmovisão comprova ser irracional ou falsa.
Publicado com a permissão de Breakpoint.org
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Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
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